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8 de maio de 2015

Enzima da folha da palmeira auxilia na quebra da biomassa

Pesquisadores do Grupo de Biotecnologia Molecular do Instituto de Física de São Carlos (Biotechmol/IFSC) têm realizado análises estruturais da Peroxidase, uma enzima extraída da folha da palmeira que pode auxiliar no processo da quebra da biomassa para a obtenção de biocombustível, uma fonte de energia limpa eENZIMA_250 renovável, cujas principais matérias-primas são, cana-de-açúcar, soja, resíduos agrícolas, semente de girassol, entre outras.

Embora a Peroxidase também possa ser encontrada em outros organismos – tais como fungos ou bactérias -, a Dra. Amanda Bernardes Muniz (IFSC/USP), principal autora desse estudo que é supervisionado pelo Prof. Dr. Igor Polikarpov (IFSC/USP), diz que existem pesquisas que comprovam uma maior eficiência dessa enzima quando retirada da folha da palmeira, ou de outras plantas. A Peroxidase extraída das folhas de plantas é mais estável e isso permite que consigamos trabalhar com temperaturas mais altas e pHs mais ácidos e básicos, o que é muito bom para o processo de produção de biocombustível, porque facilita a quebra da biomassa, explica ela.

Durante o processo da quebra do material vegetal, essa enzima auxiliar, que para o estudo foi cedida por colaboradores espanhóis, é cAmanda_1_350apaz de degradar a lignina (polímero), tornando a biomassa mais acessível às outras enzimas que são capazes de transformar o açúcar em etanol. Adicionalmente, ela oxida compostos que inibem as demais enzimas. Com isso, a Peroxidase, além de tornar a matéria-prima mais acessível, atua em sinergismo com as enzimas catalíticas, melhorando o processo de produção de açúcares fermentescíveis.

Joo_Renato_1_300Afinal, o que torna a referida enzima mais estável do que as outras? Os pesquisadores concluíram que a Peroxidase tem diversas peculiaridades, tal como a formação de dímeros, moléculas responsáveis por ajudarem na estabilidade global da estrutura da enzima, além de outros elementos moleculares específicos. Segundo o Prof. Dr. João Renato Carvalho Muniz (IFSC/USP), coautor do artigo científico, uma das principais ideias desta pesquisa e deste campo de estudo é encontrar uma solução que permita degradar a biomassa de forma eficiente, rápida e economicamente viável, para obter moléculas de glicose que podem ser fermentadas e transformadas em biocombustíveis, além da produção de outros produtos biotecnológicos.

A Peroxidase e as suas diversas aplicações

Os estudos realizados com a Peroxidase também têm revelado diversas áreas em que essa enzima pode ser aplicada, como, por exemplo, na obtenção de etanol através do bagaço da cana, cuja porcentagem de descarte é alta, sendo que o açúcar encontrado nesse composto também pode ser transformado em etanol.

A indústria de alimentos também pode ser beneficiada pela Peroxidase, já que quando os alimentos se estragam, produzem compostos fenólicos que são detectados pela enzima em questão. Segundo Amanda Muniz, a Peroxidase também pode ser utilizada no âmbito do Amanda_2_200controle e tratamento da poluição ambiental, uma vez que é capaz de indicar a presença e modificar os compostos tóxicos comumente liberados no meio-ambiente, através de procedimentos industriais.

Um pôster relativo a essa pesquisa, referente ao artigo publicado em fevereiro deste ano na revista científica Biochimie, foi apresentado pela Dra. Amanda Muniz em um congresso científico que ocorreu no mês de abril, em San Diego, nos Estados Unidos.

Essa participação comprova não só o reconhecimento internacional da citada pesquisa, como também o interesse dos especialistas nos estudos desenvolvidos na área de biocombustíveis. Neste âmbito, o Prof. João Renato ressalta a importância da pesquisa básica e o desdobramento que ela provoca, originando novas pesquisas, tanto na área em questão, como em outras vertentes, sejam elas nacionais ou internacionais. Quando fazemos esse tipo de pesquisa, descobrimos novas portas que dão acesso a realização de outros tipos de estudos, finaliza ele.

(Foto do congresso: Arquivo pessoal)

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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