Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que publicam artigos em revistas científicas, poderão passar a negociar com as editoras contratos que permitam que o material fique disponível gratuitamente em uma página da instituição, indo a sentido inverso do que hoje se pratica: muitas instituições públicas financiam pesquisas e, quando os resultados são publicados, as próprias universidades têm de pagar para acessá-los.
A determinação do reitor João Grandino Rodas foi oficializada com a resolução n.º 6.444, publicada em 22 de outubro do ano passado e as pesquisas serão publicadas na Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP (BDPI), recém-inaugurada (www.producao.usp.br).
A iniciativa faz parte de um movimento global pelo acesso aberto à ciência, com a UNESP e UNICAMP planejando estratégias semelhantes, e outras, como a UnB – Universidade de Brasília e as Federais de Santa Catarina (UFSC) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), que já têm seus repositórios, como são chamadas essas bibliotecas online.
Segundo a diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (Sibi), Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, em declarações ao jornal O Estado de São Paulo, a decisão já vinha sendo discutida havia alguns anos. “Dessa forma, a USP dá um retorno maior, trazendo para a sociedade o que ela investiu e, ao mesmo tempo, aumentando a visibilidade do que é produzido.”
Tudo o que é publicado na nova biblioteca digital, que já tem 30 mil registros, aparece no Google Acadêmico. “Quanto maior a presença na internet, maior a visibilidade da universidade e sua posição nos rankings. Com tanta tecnologia, há rankings que medem a presença dos estudos nas redes sociais, por exemplo”, diz Sueli.
Entra na BDPI toda a produção acadêmica, exceto teses e dissertações, que já vinham sendo publicadas em acesso aberto em teses.usp.br.
O IBICT – Instituto Brasileiro de Informação de Ciência e Tecnologia (IBICT) tem projeto para fornecer kits tecnológicos para universidades desenvolverem suas bibliotecas digitais. A USP foi uma das contempladas, sendo que em três anos foram implementados 39 repositórios institucionais. “Nossa ideia é estender essa ação para todas as universidades brasileiras”, diz Bianca Amaro, coordenadora do Laboratório de Tecnologia da Informação do IBICT.
Assessoria de Comunicação