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25 de agosto de 2020

Câmara de ozônio descontamina documentos e cédulas de dinheiro

Um melhor entendimento sobre a COVID-19 originou uma maior preocupação por parte dos cientistas e, consequentemente, de todos quantos se perfilaram no combate à pandemia.

As tecnologias voltadas para esse combate foram aparecendo rapidamente e promoveram melhorias consideráveis nas condições ambientais que minimizaram, em elevado grau, as chances de contaminação. Apesar de nada poder ser descartado, em especial os itens de proteção pessoal (máscaras e sanitizantes para mãos), ainda existem alguns desafios importantes que deverão ser vencidos.

Dentre estes está a descontaminação de dinheiro, item de grande circulação entre as pessoas, livros das bibliotecas e, principalmente, documentos que ainda têm a particularidade de passar de mão em mão nos diversos setores administrativos públicos e privados. Imaginemos quantos processos judiciais um jurista tem que manusear todos os dias e dividir com diversos colegas e funcionários? E as notas de dinheiro? Todos sabem a alta circulação que eles apresentam.

Em um supermercado, o dinheiro pode chegar a passar por três mãos em menos de cinco minutos, sendo um dos itens mais contaminados que temos: e todos continuam andando com ele nos bolsos. Em um pedágio, o dinheiro pode circular por diversas mãos no espaço de poucos minutos. Estes itens, também precisam ser descontaminados. Como fazer?

Imagine passar uma luz ultra-violeta em todas páginas de um processo, ou mesmo borrifar álcool nas notas de dinheiro. Um trabalho moroso, complicado.

Câmaras construídas pelo IFSC/USP em parceria com empresas do programa EMBRAPII

Pensando nisto e nas necessidades da própria Universidade de São Paulo, o  Instituto de Física de São Carlos, da USP, tendo como base a anterior criação de modelos similares, desenvolveu um sistema constituído por ciclos de vácuo (remoção do ar) e injeção de ozônio (gás sanitizante) para diminuir a contaminação destes itens. A designada Câmara de Ozônio, desenvolvida em parceria com duas empresas e com o apoio do programa EMBRAPII e FAPESP, consegue descontaminar, de forma eficiente, dinheiro, livros e documentos, minimizando o transporte dos microorganismos entre os usuários do mesmo item.

O sistema funciona colocando os itens em seu interior, fazendo vácuo, sendo que todo ar é retirado, mesmo entre as páginas de um livro ou entre as notas de um pacote de dinheiro. Após completado o ciclo de vácuo, gás ozônio é injetado na câmara, penetrando em todos os espaços que antes eram ocupados pelo ar. Como o gás ozônio oxida vírus e microorganismos em geral, ele promove a descontaminação dos itens sem haver a obrigação de, manualmente, descontaminar página a página, ou nota por nota.

Testes feitos com inóculos de microorganismos em pastas de processos, livros e pacotes de dinheiro, mostraram uma alta eficiência neste sistema. Os resultados mostrados abaixo demonstram esta eficiência.

Diminuição dramática dos contaminantes das notas de dinheiro em um pacote

De um modo geral, atinge-se mais de  três casas logarítmicas de descontaminação, que representam diminuição de 99,9% dos microorganismos com  três ciclos de vácuo-ozônio, um processo que leva menos de cinco minutos cada.

Gráfico de redução de E. coli (log UFC/mL) para cada ciclo de ozônio (0, 1, 3, 5, 7, 9) para cada item avaliado (dinheiro, papel, pasta, livro)

O processo é eficiente e preserva a qualidade dos itens processados, de modo que, por iniciativa da Pró-Reitoria da Universidade de São Paulo, começará a ser utilizado em muitas das unidades que precisam deste tipo de processamento.

Segundo o coordenador do projeto, Prof. Vanderlei Bagnato, a câmara de ozônio foi primeiro usada na descontaminação de máscaras para uso hospitalar, mas na verdade, ela serve para muito mais, sendo que agora chegou a hora de usar esta tecnologia para outros fins. Segundo Bagnato, o processo é altamente seguro e não expõe os usuários a qualquer contato com o ozônio.

Talvez no Brasil não seja necessário fazer o que a China fez, que teve que destruir grandes quantidades de dinheiro para de alguma forma conter a contaminação das pessoas.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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