All posts by: Rui Sintra

Sobre Rui Sintra

2 de julho de 2024

Short Course on – “Monte Carlo method and its Applications: From Biomedical Optics to Machine Learning and Graphics/Gaming”

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) recebe entre os dias 27 de junho e 02 de julho do corrente ano, na Sala de Seminários do Grupo de Óptica,  o mini-curso intitulado “Monte Carlo method and its Applications: From Biomedical Optics to Machine Learning and Graphics/Gaming”, apresentado pelo Prof. Alexander Doronin (School of Engineering and Computer Science – Victoria University of Wellington – New Zealand).

Os estudantes interessados em acompanhar este curso deverão se inscrever na disciplina SFI5898 – Seminário de Pós-Graduação II, até o próximo dia 16 de junho, através dos formulários online nos seguintes links:

*Alunos regulares de pós-graduação da USP, devem usar este formulário (AQUI).

*Alunos ativos de graduação da USP, alunos de pós-graduação externos à USP ou graduados de qualquer IES, devem usar este formulário (AQUI).

Outras informações, como os temas, e dias e horários deste curso estão disponíveis AQUI.

O Prof. Alexander Doronin é professor sênior na Escola de Engenharia e Ciência da Computação da Victoria University of Wellington (Nova Zelândia). Ele recebeu seu PhD em Biofotônica e Imagens Biomédicas pela Universidade de Otago, Nova Zelândia, em 2014, e obteve uma bolsa de pós-doutorado semi-industrial na Universidade de Yale, EUA, antes de aceitar seu atual cargo de docente e retornar à Nova Zelândia em 2018.

Seus interesses de pesquisa são interdisciplinares e residem na interface entre Computação Gráfica, Óptica Biomédica e, mais recentemente, Inteligência Artificial, com foco na modelagem de transporte de luz em meios turvos, desenvolvimento de novas modalidades de diagnóstico óptico, renderização baseada em física, medições/instrumentação óptica, aquisição e construção de modelos materiais realistas, percepção de cores, translucidez, aparência e visualização biomédica.

O palestrante tem ampla experiência reconhecida no projeto de algoritmos diretos e inversos de espalhamento de luz em simulações de meios turvos semelhantes a tecidos e criou um modelo de Monte Carlo generalizado de migração de fótons que encontrou ampla aplicação como uma ferramenta computacional de acesso aberto para as necessidades de comunidades em Biofotônica, Imagens Biomédicas e Gráficos.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de junho de 2024

No IFSC/USP – CIBFar abre vaga para bolsista de Treinamento Técnico (TT-IV)

O Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um dos CEPIDs/FAPESP, com sede no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), tem vaga para bolsista de Treinamento Técnico (TT4), por 12 meses, em um dos projetos desenvolvidos no âmbito do Centro junto ao Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares (LEMiMo), sob a orientação/supervisão da Profa. Dra. Ilana Camargo.

O projeto intitulado “Avaliação de atividade antibacteriana, citotóxicas e eficácia contra biofilmes bacterianos de compostos prospectados e preparados pelos pesquisadores que atuam junto ao CIBFar” tem como objetivo buscar novos compostos com atividade antibacteriana dentre os diversos compostos fornecidos pelos pesquisadores do CIBFar, realizando a triagem em modo cinético com incubação realizada no equipamento multiusuário (EMU) Omnilog (Biolog). Este equipamento multiusuário foi adquirido pelo CIBFar e instalado no LEMiMo e o bolsista ficará responsável pelo mesmo.

As atividades incluem também a determinação da concentração inibitória mínima e concentração bactericida mínima, realização de teste de erradicação de biofilmes, interferência de quórum-sensing na redução de biofilmes pré-formados com um painel de isolados de Vibrio campbelli mutantes, realizar testes de citotoxicidade como a avaliação de atividade hemolítica e ensaios de time-kill.

Requisitos dos candidatos

*Ser graduado em Ciências Físicas e Biomoleculares, Farmácia, Biomedicina ou áreas afins;

*Ter dois anos de experiência após a graduação ou título de mestrado em área relacionadas à microbiologia ou áreas correlatas, sem vínculo empregatício;

*Ter conhecimento prático para trabalhar em laboratório de nível de biossegurança 2, com microrganismos de classe de risco 2 (OGM ou não);

*Ter conhecimento para usar o software Oringin;

*Ser pró-ativo e ter boa organização;

As atividades serão desenvolvidas junto ao LEMiMo (IFSC-USP), supervisionado pela Profa. Ilana Camargo, em São Carlos (SP).

Atividades a serem realizadas pelo bolsista

*Avaliar a ação antimicrobiana de diferentes compostos que os pesquisadores enviam ao LEMiMo em fluxo contínuo frente a várias bactérias multidroga resistentes do grupo ESKAPE determinando a concentração inibitória mínima, concentração bactericida mínima, capacidade de erradicação de biofilme formado por Staphylococcus epidermidis, aureus e A. baumannii, dentre outras;

*Operar o equipamento multiusuário Omnilog (Biolog), após treinamento, que é usado para padronizar a triagem e verificar a cinética de crescimento bacteriano ou para servir aos usuários deste EMU, tratando os dados e gerando os gráficos em Oringin;

*Verificar a interferência de quorum sensing como mecanismo de erradicação de biofilmes usando um painel de Vibrio mutantes recentemente adquirido pelo LEMiMo;

*Realizar ensaios de time-Kill e despolarização de membranas em bactérias selecionadas;

*Escrever relatórios anuais do MEU Omnilog e laudos com resultados dos testes do CIBFar;

*Aprender e sintetizar peptídeos para testes;

*Auxiliar na organização, preparo de reagentes e limpeza do LEMiMo e em orçamentos no processo de compras.

A jornada de trabalho do bolsista será de 40h semanais, de segunda a sexta-feira, e o mesmo desenvolverá suas atividades no Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares (LEMiMo) do Instituto de Física de São Carlos-Universidade de São Paulo (IFSC-USP), Campus área II.

A bolsa é de Treinamento Técnico IV – (TT-IV) da FAPESP por 12 meses, com início imediato, no valor de R$ 3.810,40/mês.

Interessados podem enviar currículo, link para CV Lattes, nomes e e-mail para contato de dois pesquisadores como referências e carta de intenção para o e-mail: ilanacamargo@ifsc.usp.br com o assunto “Candidato à bolsa TT-4”.

Serão recebidos os documentos até dia 02 de agosto de 2024, quando se iniciará a seleção para as entrevistas.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de junho de 2024

“Série Concertos USP” apresenta a estreia mundial da ópera “O Jovem Rei” com música de Lucas Galon e libreto de Oscar Wilde com a USP Filarmônica

O Teatro Municipal de São Carlos recebe no dia 26 de junho de 2024, às 20h00, com entrada gratuita, a estreia mundial da ópera O Jovem Rei (The Young King), com libreto de Oscar Wilde (publicado em Londres, em 1891) e composição musical inédita do Prof. Dr. Lucas Eduardo da Silva Galon (trabalho finalizado em Ribeirão Preto, em 2024), professor recém-contratado pelo Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP/USP).

A récita, em forma de concerto, será interpretada pela “USP Filarmônica”, sob regência do próprio compositor.
Este concerto está integrado nas comemorações dos 30 anos do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).
Os ingressos antecipados para este concerto, que integra as comemorações dos 30 anos do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), estarão sendo distribuídos antecipadamente nos dias 24 e 25 de junho, na Assessoria de Comunicação do Instituto, entre as 08h00/11h30 e 14h00/17h30 e no próprio dia do concerto (26/06), entre as 18h30 e 19h55, junto à bilheteria do Teatro Municipal de São Carlos.
Os ingressos deverão ser apresentados na portaria do Teatro até às 20h00. Excedido este horário, o ingresso perderá a validade e será cedido a quem se encontrar na fila de espera.
(Imagem: André Estevão)
26 de junho de 2024

Lançamento do “Portal das Ações Sociais – USP Campus São Carlos”

O Grupo de Estudos de Ações Sociais – USP Campus São Carlos (GEAS-USP SC), vinculado ao IEA-USP | Polo São Carlos, está lançando o Portal das Ações Sociais – USP Campus São Carlos (PAS-USP SC) para acesso as informações de ações de extensão social oferecidas pelo Campus que envolvem as cinco unidades (EESC, IAU, ICMC, IFSC, IQSC), a Prefeitura do Campus, o CDCC–USP e o EduSCar, parceiro educacional. Estas ações são oferecidas nas Áreas 1 e 2 do Campus. Clique aqui para conhecer os membros do GEAS.

O PAS tem como objetivos centralizar e divulgar as informações sobre as ações de extensão social do Campus e criar condições para que exista interação entre as ações visando a otimização de resultados.

As ações terão foco nos estudantes de escolas públicas e comunidades de baixa de renda de São Carlos, especialmente as que vivem no entorno da Área 2 do Campus.

No Portal, as ações de extensão são divididas em três categorias: ações internas (curta ou longa duração para público externo realizadas no Campus USP); ações externas (curta ou longa duração para público externo realizada em local externo ao Campus USP) e humanitárias (curta duração para público externo).

O Portal é um instrumento importante de visibilidade para o público interno que deseja se dedicar a uma das ações de extensão e ao público externo que delas queira se beneficiar. É também muito importante quando se busca por parcerias externas para financiamento das ações.

As ações têm parceiros consolidados: Diretoria Regional de Ensino, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – InSAC e as empresas Tese Prime, Pearson Brasil e ANACOM.

O GEAS-USP SC conquistou recentemente novas parcerias (Prefeitura Municipal de São Carlos, Inova USP-SC, SENAI, Instituto Inova, EduSCar e SEBRAE) para implementar ações de extensão voltadas para o entorno da Área 2. A programação destas ações será em breve divulgada.

“O GEAS-USP SC e o Portal PAS são mais uma demonstração do comprometimento da USP em interagir com as populações do seu entorno”, comenta o Prof. José Marcos Alves (EESC), coordenador do GEAS.

(Por Portal PAS)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de junho de 2024

IFSC/USP e FACSETE (MG) desenvolvem projeto para tratamento de dores em pacientes pós-Chikungunya

É uma parceria que tem crescido ao longo dos últimos cinco anos entre o IFSC/USP e a Faculdade de Sete Lagoas (FACSETE – MG), através de diversos intercâmbios entre alunos e pesquisadores, trabalhos científicos publicados e cursos. No mês de junho do corrente ano esta parceria deu um passo importante ao iniciar um projeto – já submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa para Seres Humanos -, para a realização conjunta de uma intervenção no tratamento de dores em pacientes pós-Chikungunya, atendendo a uma necessidade da cidade de Sete Lagoas. De fato, a grande reclamação que foi observada nessa cidade é em relação a dores articulares severas. Como o IFSC/USP tem realizado ao longo do tempo o tratamento de dores musculares e articulares através de novos protocolos, decidiu-se avançar nesse apoio à cidade de Sete Lagoas, utilizando as tecnologias desenvolvidas no Instituto.

Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior

Por outro lado, está marcada para breve uma visita de alunos da FCASETE, que além de visitarem os laboratórios do IFSC/USP,  acompanharão projetos clínicos desenvolvidos no nosso Instituto, se debruçarão sobre a escrita científica de um artigo de estudo de caso. “Essa parceria tem crescido ao longo do tempo. Temos capítulos de livros publicados em conjunto, bem como artigos publicados internacionalmente, mas é a primeira vez que iremos desenvolver um trabalho científico em conjunto, onde a coleta será feita exatamente na cidade de Sete Lagoas. Todo o processo de metodologia, discussão, vai ser com base nas técnicas e metodologias que desenvolvemos nos últimos anos”, salienta o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo Aquino Junior, acrescentando que o trabalho que será desenvolvido com pacientes pós-Chikungunya será bastante interessante e diferente, esperando-se um resultado muito positivo. “Por meio da coordenação do Prof. Vanderlei Bagnato, acho que cada vez mais estamos desenvolvendo algo que vai ao encontro das necessidades de nossa sociedade, e essas parcerias tendem a levar ainda mais o nome do nosso trabalho, do nosso Instituto, para que possamos cada vez mais estabelecer pontos positivos em relação à saúde pública e ajuda aos pacientes”, conclui o pesquisador.

O “Grupo Ciodonto iniciou suas atividades em 1996 com cursos livres. Em 2002 obteve o credenciamento especial para a oferta de cursos de Especialização e posteriormente em 2011, culminou com o credenciamento da Instituição de Ensino Superior – Faculdade de Tecnologia de Sete Lagoas – credenciada pela Portaria MEC 299/2011 de 25/03/2011, tendo como mantenedora a Educacional Martins Andrade Ltda.

Em 2014, através da Portaria MEC 033/2014, de 29/01/14 passou a ser denominada Faculdade Sete Lagoas – FACSETE. Em 2016 foi Recredenciada pela Portaria MEC 278/16, de 19/04/2016, sendo a instituição reconhecida com o conceito 04, em uma parâmetro máximo em 05. Ainda em 2016, recebeu autorização do Ministério da Educação para o Ensino a Distância, através da Portaria MEC 946/2016 – D.O.U. 19/08/2016.

Atualmente a FACSETE é uma instituição privada que busca oferecer ensino de qualidade nas esferas de graduação, extensão, aperfeiçoamento, tecnologia, pós-graduação e sequencial, de tal forma que seus alunos, egressos, entidades e instituições civis ou públicas, empresarias, industriais ou particulares sejam atendidas(os) em suas necessidades dentro dos princípios de qualidade total, com olhares voltados à formação humano-científica, embasada nos conhecimentos proconizados pela Evidência Científica.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de junho de 2024

IFSC/USP inova junto aos alunos do 1º Ano – “Direcionamento Acadêmico” motiva jovens a encararem os desafios de seus cursos

 

Alunos entusiasmados

 

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) tem, em seu histórico, a passagem de inúmeros alunos que se destacaram em seus respectivos cursos e que atualmente estão em diversas posições profissionais de prestígio, muitos deles em situação de liderança. Esse desígnio, que é próprio da Universidade de São Paulo, tem sido também uma constante ao longo dos anos em nosso Instituto, que, ano após ano, vê avançar com sucesso no panorama educacional e científico novos valores detentores do DNA/USP.

“Uma alternativa surgiu espontaneamente através de uma ideia do Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes” (Prof. Luiz Nunes de Oliveira)

E essa trilha de sucesso começa, como é óbvio, nos primeiro e segundo semestres do 1º ano de graduação dos jovens estudantes, sendo que a disciplina “Direcionamento Acadêmico” tem o foco de introduzir esses jovens na sua nova vida acadêmica do ensino superior. Explicar como funciona a Universidade de São Paulo e o próprio Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), quais são os benefícios que os alunos podem usufruir, como está estruturado cada curso, bem como orientar os jovens sobre as atividades acadêmicas dos cursos e mentoria sobre dificuldades encontradas e estratégias de estudo/aprendizado que auxiliem no seu melhor aproveitamento e adaptação: estas são algumas das principais metas dessa disciplina, adicionando a realização periódica de colóquios ministrados por professores no sentido de apresentar aos alunos as principais temáticas de cada área.

Inovação introduzida na disciplina

Com o passar dos anos, chegou-se à conclusão de que havia a necessidade de introduzir um novo formato nos colóquios dedicados aos alunos do 1º ano de graduação. Em primeiro lugar, o formato tradicional apresentava inicialmente uma dificuldade que foi relatada pelos alunos, que era o fato de os tópicos que eram apresentados estarem muito distantes de suas realidades atuais, pelo que muitos jovens se queixavam de “perda de tempo”. Segundo o Prof. Luiz Nunes de Oliveira, decano do IFSC/USP, o antigo formato se tornou mais ou menos inviável e uma alternativa surgiu espontaneamente através de uma ideia do Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes. “Ele teve a percepção de que os estudantes precisavam ter mais contato com a física experimental durante os colóquios. Foi a partir dessa noção que ele construiu, no início deste primeiro semestre de 2024, um novo modelo baseado na ideia de que, durante as apresentações orais dos professores, deveria haver algumas demonstrações experimentais, algo que fosse feito na frente dos estudantes e diretamente ligada à temática que estava em discussão. “Em vez de o professor ir lá na frente e só falar de um determinado tema, ele também mostra como funciona na prática. Foram realizados cinco colóquios com esse formato e, na minha opinião, foi um sucesso, já que os alunos gostaram muito. E, na verdade, tem duas coisas que precisam ser levadas em consideração: em primeiro lugar, os alunos gostam de ver coisas práticas e que dão um sentido mais concreto às explanações. Em segundo lugar, o professor que vai preparar esse seu colóquio – e eu estou falando porque eu fui um deles que integrei este novo modelo – fica obrigado a pensar no formato que se encaixe nesse novo modelo. Isso daí altera completamente as coisas, para melhor”, sublinha o Prof. Luiz Nunes de Oliveira.

A Física em São Carlos: Primeiras décadas

Prof. Roberto Mendonça Faria

A criação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) foi efetivada pelas mãos do Prof. Sérgio Mascarenhas, em conjunto com sua esposa, a Profª Yvone Primerano Mascarenhas, tendo ocupado inicialmente um pequeno espaço localizado no edifício histórico construído em 1908 pela “Società Dante Alighieri, situado bem no centro da cidade de São Carlos e onde começou a funcionar a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Esse edifício alberga, atualmente, o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC/USP). Com a construção do Campus USP de São Carlos, aí foi construído um prédio que acolheria o Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC/USP), onde se instalaria o Departamento de Física, que iniciou em curto tempo uma forte vertente interdisciplinar, com destaques para as áreas de Física do estado sólido, Física aplicada à medicina, Física aplicada à saúde, etc..

O primeiro colóquio no novo formato (ASSISTA AQUI), realizado dia 22 de março, tratou da “Física em São Carlos: Primeiras décadas”, tendo sido feita uma abordagem histórica pelo orador convidado, Prof. Roberto Mendonça Faria. De fato, em dezembro de 1968, a revista “Realidade”, um conceituado periódico mensal de abrangência nacional, chegava às bancas com uma intrigante matéria sobre os físicos da pacata cidade de São Carlos. O título da reportagem era sugestivo e provocante: “Eles não estão brincando”. Há menos de 15 anos antes, a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) havia sido criada, sendo a segunda escola de engenharia da USP e a primeira no interior do Estado. Na EESC foi germinado um grupo de jovens físicos que, com muito talento, interiorizaram a pesquisa científica no Brasil. Em 1968, a equipe de físicos de São Carlos era composta por doze jovens pesquisadores que, na época, revolucionaram o ensino universitário de física, realizaram pesquisas científicas de impacto internacional e atraíram pós-graduandos de todo o Brasil e mesmo do exterior. A pesquisa inovadora, em temas experimentais e teóricos, logo se internacionalizou e os físicos de São Carlos passaram a receber pesquisadores visitantes dos EUA e da Europa. Tornou-se, também, a primeira instituição de Física no Brasil credenciada a dar títulos de mestre e de doutor em Física pela Organização dos Estados Americanos (OEA), e a receber bolsas da renomada instituição americana: a FULBRIGHT. Esta palestra pretendeu relatar um pouco desta notável história, apresentar quem foram os pioneiros protagonistas desta epopeia, e de que forma o título da revista acima citada incentivou o Prof. Roberto Mendonça Faria a ingressar no IFQSC e a seguir sua profícua carreira que ainda hoje segue de vento em popa. Foi uma espécie de “aperitivo” para o que iria acontecer nos colóquios seguintes.

Uma nova forma de aprender

Galileu: Revolução no pensamento científico                   

Colóquio do Prof. Luiz Nunes de Oliveira

Foi no dia 19 de abril, com o colóquio intitulado Galileu: Revolução no pensamento científico (ASSISTA AQUI), apresentado pelo Prof. Luiz Nunes de Oliveira, que o novo formato se iniciou. Neste colóquio, o orador começou por abordar a situação vivida no final do Século XVI, onde as escolas europeias ensinavam a filosofia de Aristóteles, que já tinha quase dois mil anos e englobava vários ramos do conhecimento, e a física em particular.  Em 1589, Galileo Galilei, que passara vários anos estudando a obra do filósofo, foi contratado pela Universidade de Pisa para lecionar matemática. A partir daí, aos poucos, ele se afastou do pensamento aristotélico. Primeiro, questionou uma conclusão importante a que o grego chegara – que os corpos mais pesados cairiam mais rápido que os corpos leves. Depois, questionou as premissas que sustentavam o seu sistema lógico e, em seu lugar, estabeleceu as bases do método científico – a experimentação sistemática que levava uma descrição radicalmente diferente da sustentada por Aristoteles. Nesse sentido, o Prof. Luiz Nunes demonstrou, através dos experimentos “Pêndulo Simples” e “Plano Inclinado”, que as premissas de Galileu estavam corretas. Numa segunda fase, que começou em 1610 e se estendeu até o final de sua vida, Galileo explorou extensivamente o potencial de um instrumento recém-inventado – o telescópio – para desconstruir a cosmologia de Aristóteles. Neste colóquio, o Prof. Luiz Nunes de Oliveira falou principalmente sobre a primeira fase do trabalho galileano, descrevendo os fundamentos do método aristotélico e algumas das conclusões a que ele conduziu. No final do colóquio, houve uma curta exposição sobre a demolição da cosmologia aristotélica

A Física da Neurociência: do potencial de membrana às interfaces cérebro-máquina

Prof. Reynaldo Daniel Pinto

O novo formato adotado para a realização dos colóquios tinha, até então, dado certo, com os alunos a lotarem o Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas” no colóquio do dia 03 de maio, intitulado A Física da Neurociência: do potencial de membrana às interfaces cérebro-máquina (ASSISTA AQUI), apresentado pelo Prof. Reynaldo Daniel Pinto. Nessa sua apresentação, o orador começou por sublinhar que devido à sua complexidade, o cérebro é o único órgão do corpo humano que ainda não se sabe bem como funciona. Ele é uma espécie de computador biológico, que evoluiu por seleção natural por centenas de milhões de anos e, entender o seu funcionamento, é uma das últimas fronteiras do conhecimento humano. Desde meados do século 19, ao longo de seu desenvolvimento mais moderno, a neurociência tem se dedicado a entender como um sistema nervoso produz comportamento e esse problema mostrou-se um desafio gigantesco e multidisciplinar. Nesta palestra, O Prof. Reynaldo Daniel Pinto fez um breve histórico do desenvolvimento da neurociência, tendo mostrado que a complexidade do cérebro já se manifesta mesmo em suas menores partes constituintes, os neurônios e suas conexões, as sinapses. O docente discutiu, ainda, as principais ideias da neuroetologia, que procura estudar comportamentos naturais especializados e peculiares em diversos animais para compreender os circuitos nervosos envolvidos, tendo mostrado que a aplicação da Física (básica, biomolecular e computacional) e a sua interação com outras áreas foi – e é – contínua, sendo fundamental na neurociência.

De forma visível, os alunos do IFSC/USP começaram a reagir muito positivamente a este novo modelo de colóquios, não só colocando questões – o que nem sempre tinha acontecido muito nas edições relativas ao anterior formato -, mas interagindo também com os oradores, mesmo após o término de cada colóquio. Ana Carolina da Cruz cursa o Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares e sublinha que o colóquio do Prof. Reynaldo é uma de suas áreas de interesse.

Prof. Glaucius Oliva

“Foi muito bacana esse colóquio, a tal ponto de eu ter vontade de procurar o professor para tirar mais dúvidas. Foi fantástica a apresentação dele”; uma opinião que é partilhada por Felipe Miranda, aluno do curso de Bacharelado em Física. “Um colóquio bem explicativo, que vai ao encontro do meu curso”, sublinha o estudante. Quem também se mostrou agradada com o colóquio do Prof. Reynaldo foi a aluna Kamile Coelho, do curso de Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares, que sublinhou que aprendeu bastante e que o tema está diretamente ligado com o seu curso. Lucas Vinicius, aluno do curso do Bacharelado em Física Computacional, confessou que “curtiu demais” todos os colóquios apresentados. “Muito dinamismo, com demonstrações incríveis. Prefiro este modelo pois é muito mais interativo e dá para entender melhor o contexto”. Manuela de Oliveira, aluna do curso de Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares confessa que a nanociência é a área que mais lhe interessa. “De todos, o colóquio sobre nanociência foi o que mais me prendeu a atenção, até pela interação que o professor fez conosco. Foi fantástico e me faz antecipar a vontade de seguir essa área para o meu mestrado e doutorado, já que tenho intenção de continuar aqui”, pontua a estudante. Por último, para Samyra Lourdes, aluna do curso de Bacharelado em Física “Foi muito bom e está na direção certa do meu curso”.

 

Os Raios X e o DNA

Os Raios X e o DNA (ASSISTA AQUI) foi o título do colóquio realizado no dia 24 de maio, ministrado pelo Prof. Glaucius Oliva, que começou por chamar a atenção dos alunos que desvendar a forma e entender a função das coisas são os objetivos centrais das ciências em geral, e da física em particular. Para tanto, utilizam-se as diferentes regiões do espectro eletromagnético, que podem fornecer informações em escalas distintas. Em particular, foi com os raios-X que se tornou possível determinar a estrutura de moléculas com detalhe atômico. O orador teve a oportunidade de salientar que ao final da primeira metade do Séc.XX, com a difração de raios-X em monocristais, já era possível elucidar a estrutura de moléculas pequenas, com algumas dezenas de átomos. No entanto, as moléculas que compõem os seres vivos, fundamentalmente as proteínas e os ácidos nucleicos, DNA e RNA, são moléculas compostas por milhares, e em alguns casos, milhões de átomos, em complexas estruturas tridimensionais, que determinam univocamente sua função biológica. Assim, foi no contexto do início dos anos 1950, que os padrões de difração de raios X das moléculas de DNA capturados por Rosalind Franklin foram fundamentais para a descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA. A icônica Foto 51 continua sendo uma referência em muitos livros de Biologia, Bioquímica e Biologia Estrutural. Em suma, nessa palestra, o palestrante usou experimentos ópticos simples para explicar esse marco histórico. Ele utilizou redes com periodicidade micrométrica e luz visível para entender o fenômeno da difração e depois reproduzir o padrão de difração observado na Foto 51. Com uma projeção bidimensional e conceitos ópticos simples, o palestrante enfatizou que é possível recriar as observações de Rosalind Franklin que foram essenciais para o trabalho de Watson e Crick em inferir estrutura em dupla hélice do DNA.

Também após este colóquio tivemos a oportunidade de ouvir dois alunos que verteram sua opinião sobre o tema.  Para Pedro Suzuki, aluno do curso de Bacharelado em Física “Foi um colóquio bem formativo – e adoro quando a experimentação acompanha o discurso. Apesar de gostar muito de palestras meramente teóricas, o fato de estarem incluídos experimentos é de fato muito bom”. João Pedro Fernandes, aluno do curso de Física Computacional, afirmou que foi um colóquio excelente, com uma abordagem fantástica dos conceitos da física. “A temática e a sessão de experimentação me fizeram aprender muito”.

Utilização da Plataforma Arduino no Ensino de Física

Colóquio do Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes

O último colóquio deste primeiro semestre, intitulado Utilização da Plataforma Arduino no Ensino de Física (ASSISTA AQUI), ocorreu no dia 07 de junho e foi conduzido pelo Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes, que apresentou algumas aplicações da Plataforma Arduino na execução de experimentos realizados nos cursos de Laboratório de Física I e II.

A plataforma Arduino foi desenvolvida na Itália em 2005 e pode ser facilmente utilizada na automação de experimentos.

Para o aluno Sidney Rodrigues “O Arduino é muito amplo, dá para fazer muita coisa e é muito versátil, principalmente para os experimentos; dá para fazer muita coisa e de forma muito mais prática do que ter que fazer na mão. Quanto aos colóquios que foram apresentados neste semestre, acho que todos foram bem interessantes, todos têm bastante a agregar”. Finalmente, Letícia Takashi, aluna do curso de Bacharelado em Física Computacional, afirmou que achou muito legal todos os colóquios, bem como a integração que houve com os experimentos relativos aos temas. “Fantástico”, sublinhou a aluna

Considerações finais

“É um modelo que tem de ser seguido” (Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes)

Regressando aos comentários do Prof. Luíz Nunes de Oliveira, o docente afirma que esse novo formato dos colóquios foi uma ótima ideia do Prof. Luiz Antônio. “Faz mais de cinquenta anos que dou aula aqui no Instituto e esta foi a inovação no ensino mais notável que eu vi, inclusive com os professores manifestando muita satisfação. A Pró-Reitoria de Graduação promove vários eventos todo ano, onde são apresentadas novas modalidades didáticas, novas maneiras de ensinar. Dado o sucesso alcançado, acho que caberia muito bem o Prof. Luiz Antonio, com o apoio do IFSC/USP, apresentar esta nova metodologia lá”, pontua o docente.

Para idealizar um novo modelo dos colóquios do IFSC/USP, contar com a colaboração de vários professores para promoverem algo bem diferente e que fizesse a diferença junto dos alunos, foi algo extremamente importante, pontua o idealizador do novo projeto, Prof. Luiz Antônio.

“O que é que eu vi nestes cinco colóquios? Vi que os alunos entenderam, participaram, colocaram dúvidas, saíram felizes. É um modelo que tem de ser seguido, pois os temas abordados estão ligados diretamente ao que os alunos estão estudando, ou já estudaram: coisas que eles entendam. Eu acho que este modelo é extremamente importante para motivar os nossos alunos iniciantes, porque quer queiramos, ou não, eles sentem-se meio perdidos no início de suas carreiras no ensino superior. Considero extremamente errado o fato dos cursos de física 1, 2, 3 e 4 teóricos,  não serem ministrados em sincronia com os cursos de laboratório”, pontua o Prof. Luiz Antônio.

Para este docente, o fato de muitos dos seus colegas do IFSC/USP já se terem oferecido para ministrar este novo modelo de colóquios é algo que abre muito o horizonte para o futuro. “Os alunos não precisam ser obrigados a participar – eles QUEREM participar”, comemora o Prof. Luiz Antonio.

Texto: Rui Sintra / Reportagens: Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de junho de 2024

Oportunidade no IFSC/USP – Bolsa de PD em Planejamento de Fármacos

O Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP e situado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), oferece uma (1) oportunidade para pesquisadores de Pós-Doutorado, com Bolsa FAPESP válida por até 12 meses.

O pesquisador irá integrar um grupo multidisciplinar de pesquisadores em colaboração com a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), com foco na descoberta e otimização de novas entidades químicas para o tratamento da leishmaniose e doença de Chagas.

O pós-doutorando será responsável pelo planejamento e execução de (i) ensaios fenotípicos in vitro contra Trypanosoma cruzi e Leishmania e (ii) estudos in vitro de farmacocinética e metabolismo (solubilidade, permeabilidade, partição fase lipídica/fase aquosa e estabilidade metabólica).

O prazo de inscrição se encerra em 03 de julho de 2024 ou até a vaga ser preenchida.

Os candidatos devem possuir título de Doutor obtido há no máximo 7 (sete) anos, no país ou no exterior, e experiência na condução de ensaios in vitro de parasitologia e/ou farmacocinética/ADME (absorção, distribuição, metabolismo e excreção) in vitro. Fluência em inglês e capacidade de trabalhar em equipes interdisciplinares são obrigatórios.

Os interessados devem enviar Curriculum Vitae e carta de interesse para o Prof. Adriano D. Andricopulo (aandrico@ifsc.usp.br), Pesquisador Principal.

A vaga está aberta a brasileiros e estrangeiros.

O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 9.318,90 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.

Para mais informações, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de junho de 2024

Câmara Municipal de São Carlos realiza Sessão Solene em comemoração aos 50 anos da fundação da ACIESP

A Câmara Municipal de São Carlos realiza no próximo dia 27 de junho, às 19h00, uma Sessão Solene em celebração aos 50 anos da fundação da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).

Fundada em 08 de outubro de 1974, na cidade de São Carlos, a ACIESP se consolidou como uma das mais importantes instituições científicas do país, reunindo em seu corpo de acadêmicos cientistas de notável reconhecimento nacional e internacional.

A Sessão Solene terá transmissão ao vivo pelo Canal 20 da NET, Canal 49.3 TV Aberta Digital, Canal 31 da Desktop / C.Lig, Online via Facebook e Canal Youtube, por meio da página oficial da Câmara Municipal de São Carlos.

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de junho de 2024

ABC lança livro “Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica”

Com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), presidida pela Profª Helena Nader, vai lançar no próximo dia 20 de junho, às 11h30, em sua sede localizada na Rua Anfilófio de Carvalho, 29 – 3º andar – Centro Rio de Janeiro (RJ), o livro intitulado “Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica”.

Este livro é o resultado final das pesquisas desenvolvidas pelo “Grupo de Trabalho (GT) sobre Desinformação Científica”, coordenado pelo Vice-Presidente da ABC para a Regional São Paulo, docente e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Glaucius Oliva, que contou com as participações, nesse mesmo grupo de trabalho, com o Vice-Presidente da ABC para a Regional Sul, Prof. Ruben Oliven, e a Profª Thaiane Oliveira, membro afiliado da ABC na área de Ciências Sociais, entre outros acadêmicos.

O trabalho desenvolvido pelo citado grupo de trabalho, instituído em 2023, baseou-se na necessidade de detectar os principais focos e caminhos estabelecidos e percorridos pela desinformação científica, começando pelas formas de propagação de teorias de conspiração e a deturpação premeditada de fatos científicos relevantes, que, no conjunto geral, destroem perante a sociedade a credibilidade, a confiança das instituições científicas e de seus atores. As mídias sociais se configuraram como um espaço propício para a disseminação de informações falsas relacionadas à ciência.

O funcionamento, por meio de algoritmos – que favorecem a reprodução de conteúdos enganosos ou de acordo com as crenças do usuário –, é um fator que agrava a situação. Um número pequeno, mas crescente de pseudo-cientistas com grande alcance nessas redes também é fator de preocupação, sublinha o texto divulgado à imprensa sobre o lançamento do livro. Por isso, esta publicação oferece uma visão abrangente e um conjunto de soluções destinadas a enfrentar essa crise. Conforme palavras do Prof. Glaucius Oliva, esta publicação tem o objetivo de “(…) contribuir para o fortalecimento do pensamento crítico, da alfabetização científica e da valorização do conhecimento baseado em evidências, essenciais para o avanço da ciência e a proteção da saúde pública (…).

Acreditar na Ciência

Prof. Glaucius Oliva

O documento da ABC aponta que a desinformação científica é sustentada por um ecossistema lucrativo, que inclui a monetização de conteúdo enganoso e a exploração das crenças e emoções do público para ganho financeiro, primeiramente através de usuários que produzem a desinformação, seguindo-se as próprias plataformas virtuais que lucram com essas produções.

O Prof. Glaucius Oliva espera que este trabalho contribua para o fortalecimento do pensamento crítico, da alfabetização científica e da valorização do conhecimento baseado em evidências, essenciais para o avanço da ciência e a proteção da saúde pública. “Acreditar na ciência é acreditar no futuro, e é com esse espírito que compartilhamos estas reflexões e recomendações com o público em geral”, pontua o pesquisador.

Grupo de Trabalho sobre Desinformação Científica

A desinformação científica é uma das grandes preocupações mundiais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sobretudo diante do aumento de casos de doenças até então praticamente erradicadas e do aumento de movimentos anticiência, antivacina e contestação às recomendações de instituições científicas. Estas estão entre as graves consequências que o fenômeno pode causar e têm sido cada vez mais frequentes no debate público.

Segundo a ABC, enfrentar a desinformação científica tem sido um grande desafio, pois implica entender as suas formas de circulação, as estratégias de distribuição da informação em espaços digitais descentralizados e mediados por algoritmos e entender, sobretudo, as motivações que levam os sujeitos a acreditar ou a repassar a desinformação quando vai ao encontro de suas crenças. O enfrentamento do problema, então, requer pesquisas multidisciplinares e uma atuação conjunta de diversos atores da sociedade.

Como uma das principais instituições que têm atuado pela defesa da ciência, é de grande importância e urgência para a ABC estar à frente da condução de diagnósticos e debates em relação a este problema, que tem preocupado diversos organismos nacionais e internacionais. Diante disso, o grupo de trabalho (GT) da ABC sobre a desinformação científica tem como proposta oferecer panoramas para tecer estratégias e propor políticas públicas relacionadas ao enfrentamento da circulação de desinformação científica.

Os interessados em acompanhar de forma remota a cerimônia de lançamento do livro poderão acessar o Canal Youtube da ABC (AQUI)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de junho de 2024

IFSC/USP e Santa Casa/Instituto de Ensino e Pesquisa vão lançar segunda turma do “Curso de Especialização em Laser na Saúde”

Numa parceria entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), será lançada no próximo mês de agosto a segunda turma do “Curso de Especialização em Laser na Saúde”, evento organizado e coordenado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa.

Nos últimos meses, a Santa Casa, por meio do IEP, lançou a primeira turma do “Curso de Especialização em Laser na Saúde”, que está tendo um enorme sucesso, já que a procura foi muito grande e algumas pessoas não conseguiram se inscrever. “O que nós estamos observando é que cada vez mais os profissionais das diversas áreas da saúde, seja a área da medicina, odontologia, fisioterapia, educação física, enfermagem, podologia e terapias, entre outras, têm buscado informações e mais conteúdos relativos à utilização do laser. Nesse sentido, a parceria entre a SCMSC e o IFSC/USP, a que se junta o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), viabiliza que os pesquisadores e parceiros façam parte do corpo docente desse curso, sendo que essa é uma forma de, entre outras, fazer com que esses profissionais se sintam motivados a seguir uma carreira acadêmica. Com o apoio do docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, esta especialização em laser tem sido realmente um diferencial e um novo marco na área de ensino de laser para profissionais”, sublinha o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior.

Segundo o gerente do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) para a Santa Casa, o ensino sempre foi uma das prioridades, assim como  a evolução da prática profissional na área da saúde. “A parceria com o IFSC/USP eleva ainda mais a qualidade do nosso curso, proporcionando acesso a um corpo docente altamente qualificado e a uma infraestrutura de ponta. Isso não só engrandece o currículo dos participantes, mas também contribui significativamente para o desenvolvimento de novas competências e conhecimentos que são essenciais no cuidado aos pacientes”, destacou.

A primeira turma deste curso, que se iniciou no final do último mês de abril, vai ter a sua formação concluída no final de 2025, e sobre as atividades desenvolvidas, ouvimos as opiniões de alguns dos alunos.

Ariane – Enfermeira (Matinhos/Paraná) – “O curso é sensacional, já que ele consegue abranger praticamente todas as áreas de saúde. É maravilhoso, sem falar do corpo docente que dá um suporte sensacional. Sinto-me muito acolhida”.

Kellen Botelho – Podóloga e Geriatra (São Carlos/São Paulo) – “Com efeito, para melhor me capacitar ingressei neste curso. Foi uma grande oportunidade que tive em adquirir muitos conhecimentos nesta área do laser, o que irá permitir que, efetivamente, possa ajudar ainda mais as pessoas que necessitam. Destaco o corpo docente deste curso, sublinhando o Prof. Dr. Vanderlei Bagnato e o Dr. Antonio Aquino Junior. Todo o grupo de docentes nos dá a força e vontade para um aprendizado extraordinário, facilitando todo o processo deste curso”.

Neurivaldo Viviani Junior (Juca) – Fisioterapeuta (Ribeirão Preto) – “Considero que as aulas deste curso são bastante bem ministradas, com uma forma bem dinâmica de passar todos os conhecimentos, algo que me surpreendeu, pois não é muito comum. O conteúdo do curso vai certamente somar bastante aos meus conhecimentos de fisioterapia”.

Mila Garcia – Cirurgiã Dentista (São Paulo) – “A grade do curso é muito ampla com aplicação de laser em todas as áreas, de forma multidisciplinar, de forma leve, com muito conhecimento não apenas teórico, mas também na parte clínica, para um bom desenvolvimento junto aos nossos pacientes”.

As inscrições para segunda turma já estão abertas através do link (VER AQUI) e mais informações pelo e-mail: iep@santacasasaocarlos.com.br e também WhatsApp (16) 991745-3255.

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de junho de 2024

“Seminários de Física Atômica” – “QuEra: Quantum Computing with Neutral Atoms”

 

A QuEra Computing é líder na comercialização de computadores quânticos usando átomos neutros, amplamente reconhecidos como uma modalidade quântica altamente promissora.

Com sede em Boston e baseada em pesquisas pioneiras da vizinha Universidade de Harvard e do MIT, a QuEra opera o maior computador quântico acessível ao público do mundo, disponível em uma grande nuvem pública e para entrega no local.

QuEra está desenvolvendo computadores quânticos tolerantes a falhas em grande escala para resolver problemas classicamente intratáveis, tornando-se o parceiro preferido no campo quântico.

Nesta apresentação, serão apresentados alguns detalhes da tecnologia de átomos neutros e aplicações científicas que podem ser investigadas com a geração atual e futura de computadores quânticos do QuEra.

12 de junho de 2024

Estudo-piloto aponta tratamento inovador com laser para tratar distúrbios do sono – Trabalho foi publicado no “Journal of Novel Physiotherapies”

Vanessa Garcia

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Universidade Central Paulista (UNICEP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Texas A&M University (Texas/USA), publicaram recentemente um estudo-piloto que confirma a eficácia da aplicação de fotobiomodulação e ultrassom como tratamento para pacientes com distúrbios do sono. A aplicação, de laser e ultrassom, surgiu há já algum tempo após os pesquisadores terem verificado melhorias substanciais em pacientes com sequelas pós-Covid e em pacientes fibromiálgicos, todos eles sofrendo de distúrbios do sono, tendo sido sujeitos ao mesmo procedimento.

A pesquisadora Vanessa Garcia, mestranda da UNICEP e uma das autoras do estudo, confirma que durante os respectivos processos de reabilitação fisioterápica, os pacientes com sequelas pós-COVID ou com fibromialgia, relataram as inúmeras dificuldades que tinham em adormecer, ou mesmo ausência de sono durante dias consecutivos, algo que motivou a realização deste estudo-piloto. “Para a concretização deste estudo realizamos uma chamada de vinte pacientes já diagnosticados com distúrbios de sono e dividimos os pacientes em dois grupos de 10 pessoas cada. Um grupo foi constituído por pacientes que utilizavam medicamentos para controlar o distúrbio do sono, e o outro grupo constituído por pessoas que apesar de terem o mesmo diagnóstico e sintomas, não utilizavam qualquer tipo de medicação”, salienta a pesquisadora.

O pesquisador do IFSC/USP,  Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, que também assina o estudo, pontua que o objetivo foi também avaliar outros fatores que estão intrinsecamente ligados com os distúrbios do sono, como, por exemplo, ansiedade, depressão, e a própria desordem de sono por meio de um questionário específico. Nesse contexto, constatou-se o fato de que essa intervenção por meio do laser e ultrassom tem dado resultados promissores, independentemente do tipo de projeto, ao nível de uma redução da ansiedade, algo que se confirmou neste estudo, principalmente em pacientes que fazem uso da medicação. “Quando avaliada a questão do distúrbio do sono propriamente dito, observamos que tanto em pacientes que fazem uso de medicamentos, como nos que não fazem uso, os resultados foram extremamente positivos”, comemora o pesquisador. Contudo, segundo ele, o mais importante foi observar que a ação da terapia junto ao medicamento consegue potencializar o seu efeito. “Quando fizermos um estudo maior acredito que iremos avaliar algumas situações, como, por exemplo, se o retorno dos pacientes à normalidade vai ser num tempo menor, e se atendendo à avaliação do médico, haverá a possibilidade de uma redução do medicamento também num tempo menor? Então, são situações que precisam ser ainda estudadas, mas é um caminho bem interessante que estamos tomando”, acrescenta Antonio de Aquino Junior.

Ao aplicar a combinação da terapia por intermédio de laser e ultrassom nas palmas das mãos e nas plantas dos pés de cada paciente, por seis minutos, ao longo de dez sessões, duas vezes por semana, os resultados foram extraordinários. “De fato, como o Dr. Aquino mencionou, o tratamento foi eficaz nos dois grupos, com um destaque especial para o grupo que usa medicamentos controlados, que teve uma melhora mais significativa ainda, o que nos leva a concluir que esse tratamento potencializa também essa ação do medicamento, auxiliando nos quadros de ansiedade e depressão.

Assinam o estudo os pesquisadores: Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP-Texas A&M University-UFSCar); Tiago Zuccolotto Rodrigues (IFSC/USP-UFSCar); Vanessa Garcia (UNICEP-IFSC/USP); Heloisa Giangrossi Machado Vidotti (UNICEP); Antonio Eduardo de Aquino Junior (IFSC/USP-UFSCar).

Para acessar o estudo, clique AQUI.

Rui Sintra / Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de junho de 2024

No periódico “Natural Structural and Molecular Biology” – Estudo brasileiro está entre os mais relevantes

Células tumorais de câncer de próstata. Em vermelho, as mitocôndrias das células. Em verde, os feixes de filamentos da enzima glutaminase. Em ciano o citoplasma da célula, e em azul escuro o DNA nuclear. A coloração amarela se dá pela sobreposição de verde e vermelho, onde estão os filamentos de glutaminase (imagem: CNPEM/divulgação)

Homenagem a trabalho conduzido no CNPEM foi feita em artigo que celebra os 30 anos da revista científica.

Estudo conduzido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) foi selecionado pelos editores da revista Nature Structural and Molecular Biology (NSBM) como um dos mais importantes já publicados.

Intitulado “Molecular mechanism of glutaminase activation through filamentation and the role of filaments in mitophagy protection” (VER AQUI), o estudo recebeu financiamento da FAPESP por meio de seis projetos (20/06062-1, 17/15340-2, 21/01504-9, 17/11766-5, 14/20673-2 e 19/16351-3). No artigo, os autores descrevem um processo novo de bloqueio de mitofagia, que é a degradação seletiva das mitocôndrias por autofagia.

“Nós descobrimos que uma enzima – que se pensava estar envolvida somente no metabolismo de um aminoácido [glutamina] – de fato é capaz de se organizar como filamentos longos dentro da mitocôndria. Esse tipo de comportamento nunca havia sido descrito para nenhuma proteína dentro da mitocôndria. Nós também mostramos que esses filamentos distorcem as mitocôndrias, alongando-as, e isso impede que elas sejam ‘cortadas’ e recicladas”, explica à Agência FAPESP Sandra Martha Gomes Dias, pesquisadora do CNPEM e uma das autoras do artigo, publicado em 2023.

A pesquisa utilizou uma técnica conhecida como criomicroscopia eletrônica de partículas únicas para conhecer os detalhes moleculares desses filamentos, como se formam e o impacto disso para a função da enzima.

“Utilizamos também uma técnica de fronteira chamada de criotomografia eletrônica de lamelas celulares para provar a existência desses filamentos dentro da mitocôndria. É a primeira estrutura de proteína caracterizada por essa técnica em uma publicação brasileira”, acrescenta a pesquisadora.

No texto comemorativo dos 30 anos da Nature Structural and Molecular Biology, os editores explicam os motivos de escolha de cada artigo: “A editora, além de explicar nossos achados, chama a atenção para um ponto considerado importante para o campo da biologia estrutural do futuro: a busca de mecanismos moleculares, sem perder o contexto celular”, conta Dias.

Segundo Dias, até então, a biologia estrutural se preocupou em descrever proteínas em nível atômico e tem trazido respostas importantes sobre como essas moléculas funcionam e como alterações no seu funcionamento estão atreladas a várias doenças. “A tendência agora é compreender as proteínas nesse alto nível de detalhamento, mas dentro da célula considerando o local onde está [a organela] e as proteínas da vizinhança. Nosso trabalho fez a análise molecular da enzima filamentada, mas se preocupou em analisar ela no contexto celular [na mitocôndria], procurando explicar o impacto daqueles achados, de maneira direta, para o funcionamento da célula”, destaca.

(Um dos autores deste estudo é o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Andre Luiz Berteli Ambrosio).

O artigo comemorativo dos 30 anos da revista pode ser acessado (AQUI).

(In: Agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de junho de 2024

Inovação tecnológica em São Carlos: Do esporte ao agronegócio passando pela indústria – Unidade EMBRAPII do IFSC/USP no apoio às empresas da cidade

A presilha “inteligente”

Com os apoios das universidades e institutos sediados em nossa cidade, jovens empreendedores transformam ideias em inovações que despertam já o interesse de grandes empresas nacionais e internacionais

A empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) é uma instituição governamental cujo foco é apoiar as instituições de pesquisa tecnológica, fomentando a inovação na indústria brasileira. Ao auxiliar a modernizar as empresas através de produtos e/ou processos, a ação da EMBRAPII tem como principal meta fazer com que as empresas sejam mais competitivas, trazendo para a sociedade brasileira as soluções para os seus problemas cotidianos.

Criada em julho de 2017, a Unidade EMBRAPII do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), coordenada pelo Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, dedica-se a transformar a ciência que é produzida em tecnologias nas áreas da óptica, robótica, instrumentação e novos fármacos. Com perto de setenta projetos executados e/ou em execução, contemplando um elevado número de empresas – desde as startups até às já consolidadas -, o principal foco da Unidade EMBRAPII do IFSC/USP está relacionado com a saúde humana, animal, vegetal e na defesa do meio ambiente, entre outros projetos não menos importantes, como, por exemplo o esporte. E, neste capítulo, trazemos hoje o exemplo de sucesso da empresa Biotrônica, instalada no NovoLab, em São Carlos, liderada por Haroldo Vieira.

Primeiro projeto dedicado ao CrossFit

Pormenor do equipamento

A startup Biotrônica nasceu com o auxílio da Unidade EMBRAPII do IFSC/USP, em 2023, dando corpo a um projeto destinado ao desenvolvimento de uma tecnologia dedicada a atletas de levantamento de peso olímpico, inserida no CrossFit, na tentativa de  aproveitar as grandes potencialidades existentes nos mercados nacional e internacional. O projeto compreendeu o desenvolvimento de uma presilha destinada a ser colocada nas barras de levantamento de peso e que se traduz, em primeiro lugar, num componente de segurança para que as anilhas de peso não caiam. “As anilhas são os pesos que alimentam a barra de levantamento. Tem anilhas de 5, 10, 15, 20 quilos, e o atleta vai colocando-as de acordo com as repetições que ele quer fazer. Na modalidade do levantamento de peso olímpico, existem dois movimentos, que são o snatch e o clean and jerk. Então, é comum observarmos nas Olimpíadas aqueles atletas gigantes, levantando 200, 250 quilos”, comenta Haroldo Vieira.

Contudo, além dessa questão relativa à segurança, a presilha desenvolvida pela Biotrônica apresenta uma outra função graças a um componente tecnológico desenvolvido pela empresa. A presilha tem a capacidade de coletar inúmeros dados, já que existem vários sensores nesse pequeno equipamento. Tem sensores de aceleração, inclinação, temperatura e vibração que transmitem informações valiosas para o atleta, sendo que o principal sensor é o de aceleração. É através da aceleração que se consegue traçar um algoritmo de inteligência artificial (IA) para classificar o padrão de movimento do atleta. Então, a presilha consegue “entender” o movimento que o atleta está fazendo e ela sabe se o atleta está fazendo um snatch, um clean and jerk,  um agachamento ou um levantamento a partir do solo. Através disso, a presilha conta o número de repetições e faz o planejamento de treino do atleta”, explica Haroldo.

De fato, com essa tecnologia, o atleta não precisa mais ficar entrando em aplicativos, ou pegar num papel para ficar anotando o que está treinando. Essa presilha já vai coletando todas as informações em tempo real e vai fazendo o histórico do treino do atleta, inclusive analisando se ele está tendo uma performance de treino boa, muito boa ou ruim. “Essa presilha analisa a inclinação do movimento, detecta se existem tendências irregulares, às vezes um músculo um pouco mais enfraquecido que está inclinando, por exemplo, já que isso pode ocasionar uma lesão. Analisa o deslocamento da barra. Ela sabe a trajetória em 3D no ar. Isso é um método matemático que a gente tirou da área militar, usado para definir trajetórias de mísseis”, sublinha nosso entrevistado. Junto com os pesquisadores do IFSC/USP, a equipe da Biotrônica demorou nove meses para entender e desenvolver como o método matemático poderia funcionar, sendo que toda a parceria feita com a EMBRAPII viabilizou explorar essa tecnologia sem qualquer receio. A presilha já está no mercado, especialmente dedicada a educadores físicos e atletas de ponta, atletas de elite, algo que provocou outra parceria muito interessante, desta vez com a Movement, que é uma indústria de equipamentos de musculação, a maior da América Latina. Através dessa parceria, a Biotrônica foi convidada a participar na IHRSA Fitness Brasil, que é a maior feira esportiva da América Latina e nela foi proposto o desenvolvimento de um protótipo parecido com a presilha acima explicada, em um tempo muito curto – trinta dias. Esse protótipo é semelhante ao da presilha, mas desta vez com a finalidade de monitorar o movimento de atletas e de alunos durante a prática esportiva de musculação. Tal como o anterior, esse equipamento  monitora números de repetições, amplitudes de movimento, tempo entre repetições, cadência, peso, etc. “É muito similar ao projeto que desenvolvemos para o levantamento de peso olímpico, porém, com algumas adaptações para a musculação”, sublinha Haroldo.

Do esporte para o agronegócio e para a indústria

O sucesso do ciclo de desenvolvimento da Biotrônica acabou por abrir muitas portas e uma delas foi para o agronegócio, mesmo sem a empresa ter uma demanda específica sinalizada para esse fim. Para esse nicho de mercado, a empresa desenvolveu o “Brinco do Gado”, que é um dispositivo muito similar ao do levantamento de peso olímpico, só que em vez de classificar movimentos dos atletas ele classifica o movimento do gado. Através de IA o dispositivo consegue classificar o padrão de movimento do gado, cujo foco é obter informações precisas e em tempo real de quanto tempo ele está se locomovendo, reproduzindo, alimentando e dormindo, entre outros fatores; com base nesses dados, consegue-se saber, por exemplo, quando as espécies que estão sendo analisadas entram no cio. “É um produto muito interessante para o produtor pecuário, como um todo”, enfatiza Haroldo Vieira, que confirma estar já buscando parceiros para esse projeto.

Sensor para a classificação do padrão de ruído em equipamentos industriais

Por outro lado, tendo em consideração uma outra ideia iniciada em finais de 2023, a Biotrônica ingressou no início deste ano num outro projeto junto à Unidade EMBRAPII do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) relativo ao desenvolvimento de um sensor para a classificação do padrão de ruído em equipamentos industriais. Esse sensor de ruído é um grande diferencial em relação aos produtos que existem no mercado. Segundo Haroldo Vieira, a classificação de ruído já é uma prática muito comum na indústria, com os fabricantes a usarem sensores de vibração, que são basicamente acelerômetros, mas que têm uma largura de banda muito baixa, um espectro muito baixo. “Esses acelerômetros são sensores que classificam padrões, muitas vezes no espectro audível. Porém, o técnico que acompanha os equipamentos na fábrica, que está lá na indústria há mais de 10 anos, quando escuta um rolamento chiar ele sabe que em breve irá dar problema. O que nós desenvolvemos foi um sensor que classifica o padrão de ruído com IA no espectro ultrassônico. Por quê? Primeiro, porque o espectro ultrassônico não é detectado, ou seja, não é audível, já que ele tem uma largura de banda mais ampla, uma alta frequência, que é o primeiro ruído (impercetível) que aparece no equipamento. É o indicativo que vai haver problema dentro de algum tempo. Na hora em que começa a aparecer um estresse mecânico, o equipamento começa a apresentar um ruído no espectro ultrassônico e é aí que conseguimos classificar esse padrão de ruído logo no início, sabendo com toda a certeza que esse equipamento vai dar problema, necessitando, por isso, de uma manutenção preditiva muitos meses antes da avaria acontecer”, explica o nosso entrevistado. Contudo, segundo adiante Haroldo, este novo projeto pode ser aplicado em diversas outras frentes, como, por exemplo, na área automobilística, onde a Biotrônica já assinou uma parceria com a Fórmula Inter, com o intuito de classificar os padrões de ruído dos motores dos carros e de outros elementos mecânicos e estruturais.

O pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior salienta que a importância da EMBRAPII é fundamental para estes projetos, tendo em consideração o fato de ela possibilitar o financiamento e a estrutura para que as startups possam iniciar suas atividades e desenvolverem inovações. “Esse tipo de auxílio, de orientação, já que muitas vezes no processo da EMBRAPII existe toda uma logística do SEBRAE envolvida e que demanda estratégia para o desenvolvimento, auxilia muito para que o processo atinja um sucesso. A parceria que existe na Unidade EMBRAPII do IFSC/USP, envolvendo todos os colaboradores, faz com que os processos de inovação, muitas vezes complexos, se tornem tecnicamente viáveis em prazos relativamente curtos. E o que observamos é que em relação à Biotrônica existe uma equipe integrada e é muito importante esse tipo de integração, onde você consegue resolver os problemas que aparecem na demanda das atividades e processos em um tempo muito curto dentro da empresa”, sublinha o pesquisador. De fato, essa equipe, que alberga no seu seio 16 alunos de graduação e de pós-graduação da USP de São Carlos, do Instituto Federal de São Paulo – Campus de São Carlos, e da UFSCar, graças aos contatos estabelecidos com inúmeros professores, atua basicamente em uma sala, promovendo uma comunicação facilitada, sendo que a expertise dos envolvidos se mostra adequada e cada vez mais “afinada”, o que tem resultado em toda essa demanda, todo esse sucesso no desenvolvimento de tecnologias inovadoras na cidade de São Carlos.

Carro da “Fórmula Inter”

Por último, para suprimir as dificuldades e os custos relacionados com as questões mecânicas da prototipagem dos dispositivos eletrônicos desenvolvidos pela Biotrônica, que sempre necessitam da fabricação de invólucros para proteger os circuitos, a empresa assinou em 2023 uma parceria com a chinesa Creality, a maior fabricante de impressoras 3D do mundo. Dessa forma, a Biotrônica consegue agora fabricar os seus invólucros e, através dessa mesma parceria, fazer projetos e fabricar componentes para outras empresas, ao mesmo tempo que revende as mais diversas categorias de impressoras 3D. Antonio Eduardo de Aquino Junior destaca que toda essa viabilidade só é possivel graças a uma gestão visionária do coordenador da Unidade EMBRAPII do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato. “Ele está  sempre presente nas ações que são necessárias, no desenvolvimento dos projetos e nos aconselhamentos e isso faz um diferencial muito grande. Outra questão importante é o grande auxílio que a Fundação de Apoio à Física e Química (FAFQ) presta em relação à gestão de recursos. Pode parecer às vezes trivial, mas fazer a gestão de recursos com toda uma ação para concluir a parte burocrática é fundamental para aliviar a carga que sempre pesa em cima dos ombros dos pesquisadores e das startups”, conclui o pesquisador.

Haroldo Vieira com parte de seus colaboradores em uma das salas da “Biotrônica” no “NovoLab”

Rui Sintra & Adão Geraldo – Jornalistas da Assessoria de Comunicação – IFSC/USP