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17 de novembro de 2020

Inscrições abertas | 4ª chamada pública de apoio à ciência

Começaram hoje, 16 de novembro, as inscrições para a 4ª chamada pública de apoio à ciência do Instituto Serrapilheira. O novo edital disponibiliza até 12 grants de R$ 200 mil a R$ 700 mil para jovens cientistas que façam grandes perguntas fundamentais em ciências naturais, ciência da computação e matemática. Agradeço desde já se puder compartilhar com colegas, professores, alunos e outros que possam se interessar.

Os projetos devem ser originais e ousados, ainda que envolvam estratégias de risco. São bem-vindas perguntas que questionem o conhecimento científico atual, abram novas perspectivas de avanço ou aprofundem o conhecimento de uma área específica. O foco é a ciência básica, não aplicada.

Os candidatos devem ter recebido grau de doutor entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2018, condição que é estendida em até dois anos para mulheres com filhos. Nesta fase, eles devem enviar uma pré-proposta, que será avaliada pelos revisores (os critérios e etapas do processo de seleção estão disponíveis no edital). A partir daí, alguns serão chamados para submeterem a proposta completa. A etapa final incluirá uma entrevista com os proponentes.

A pré-proposta deverá incluir o currículo (conforme modelo internacional), produção científica, resumo da pesquisa e respostas a cinco perguntas específicas. Como produção científica, os candidatos indicarão pelo menos dois artigos em que foram autores principais, justificando por que consideram tais artigos de impacto com base no seu conteúdo e contribuição intelectual – ou seja, seu efeito em questionar, avançar ou aprofundar o conhecimento no campo.

Após selecionados, os cientistas também poderão concorrer, de forma voluntária, arecursos extras para serem investidos exclusivamente na integração e formação de pessoas de grupos sub-representados em suas equipes. O valor do bônus vai variar de 10% a 100% do grant recebido.

Recomendamos que os candidatos leiam o edital com muita atenção, dediquem tempo e reflexão à proposta e não deixem para a última hora. Lembramos que, a partir desta chamada, cada candidato só poderá submeter um máximo de duas propostas durante todo o período em que estiver elegível. O objetivo é que foquem em preparar uma proposta original e de qualidade.

Dicas para preparar uma boa proposta
Para ajudar os interessados na nova chamada pública e tirar dúvidas sobre o edital, fizemos um webinar na sexta-feira, 13, com orientações de como preparar uma boa proposta, disponível aqui. Recomendamos que os candidatos assistam à live completa e também leiam o documento com as perguntas mais frequentes.

Lembramos que uma das partes mais importantes da inscrição são as cinco perguntasque devem ser respondidas e que ajudam na estruturação da proposta:

• Qual é a pergunta fundamental levantada pelo projeto?
• Qual é a hipótese do projeto? Se o projeto for exploratório, qual é o motivo para explorar essa área?
• Como a hipótese será testada? Se o projeto for exploratório, como a área será explorada?
• Como os resultados do projeto vão fazer avançar o entendimento fundamental na área?
• Por que esse projeto é importante e oportuno?

No webinar, a ex-diretora de Programa da National Science Foundation (NSF) Sonia Esperança compartilhou dicas detalhadas sobre o que os candidatos devem observar ao refletir sobre essas perguntas. Confira algumas:

1 – Questione-se se existem áreas da sua pergunta fundamental que não foram exploradas da forma como você quer explorar. Existe uma lacuna nesse conhecimento?

2 – Reflita se o projeto terá impacto em outras áreas, caso seja bem sucedido. Ele vai além do seu “quintal”?

3 – A pergunta tem que ser ancorada na sabedoria do que as pessoas estão fazendo na sua área no momento. Quem vai gostar de saber a resposta à pergunta que você está fazendo? Se o projeto for bem sucedido, quem vai seguir os seus passos? E como os resultados vão ser transpostos para outros sistemas?

4 – A maior fraqueza que vemos em propostas de pesquisa é que o candidato propõe o que já foi feito por ele próprio ou por outra pessoa – ou seja, um incremento.  Não é o que o Serrapilheira busca. Há outras agências que apoiam ciência incremental. Use essa oportunidade para fazer algo único, de risco, que você não poderia fazer com outra fonte de financiamento.

5 – A hipótese une a pergunta aos resultados obtidos. Uma forma de escrevê-la, por exemplo, é abordando as controvérsias que existem sobre a questão e informar que você vai atacar o problema a partir de determinada metodologia, que deve representar o estado da arte da área. Esses dois elementos combinados ao plano de pesquisa, que deve ser capaz de testar a hipótese, precisam cumprir a complexa tarefa de fechar um círculo.

Sugerimos, ainda, a leitura do artigo “O nascimento de uma pesquisa fundamental”, escrito pelo pesquisador da UFRGS Eduardo Zimmer, selecionado pela última chamada. Ele relata erros e acertos na elaboração de um proposta a partir de sua própria experiência.

E, se quiser conferir alguns exemplos clássicos de pesquisas fundamentais, leia esta matéria.

As dúvidas sobre o edital podem ser esclarecidas pelo e-mailchamada@serrapilheira.org.

Um abraço e até a próxima,
Cristina Caldas
Diretora de Ciência