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24 de março de 2023

Prof. Ricardo Galvão visita IFSC/USP – O papel do CNPq no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia

Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas” (IFSC/USP) completamente lotado na manhã do dia 24 de março de 2023 para ouvir e interagir com o recém-empossado presidente do CNPq, Prof. Ricardo Galvão, que, em um colóquio memorável, cujo título foi “O papel do CNPq no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”, falou do trabalho desenvolvido anteriormente pelo órgão, os problemas relacionados com a atribuição e valores das bolsas, e, ainda, os projetos que serão desenvolvidos no futuro.

Simples, direto, bem disposto, afável, ciente de suas responsabilidades e com um olhar muito atento às necessidades do país, principalmente no que concerne à ciência e tecnologia. Esse é Ricardo Galvão, que, igual a si mesmo e independente do cargo que ocupa, se mantém como um dos cientistas mais valorosos do nosso País, agora comandando os destinos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e encarando de frente os novos desafios colocados ao órgão.

Atribuição e valor das bolsas

Em parceria com a Rádio UFSCar, a Assessoria de Comunicação do IFSC/USP manteve uma salutar conversa com o Prof. Ricardo Galvão, mesmo antes de apresentar seu colóquio e, claro, o tema se centrou numa espécie de retrospectiva da missão do CNPQ nos últimos anos e os caminhos que deverão ser percorridos no futuro, começando pelos reajustes das bolsas. Contudo, Ricardo Galvão começou por sublinhar que nos últimos três anos o volume de bolsistas de mestrado e doutorado caiu substancialmente, principalmente pelo fato de ter havido uma redução na procura. “Nós acreditamos que parte dessa redução foi devido à pandemia e isso é um fato. Contudo, outra parte desse índice de redução foi devida ao valor das bolsas. Um aluno que se forma numa boa graduação e que tem possibilidades de ingressar no mercado de trabalho, não vai olhar para trás, mesmo que goste muito de ciência, já que começar sua vida profissional com uma bolsa de R$1.500,00 será muito difícil para ele. Então, isso está causando uma diáspora muito grande, com excelentes alunos a rumarem para fora do país, ou não optando pela ciência, pela carreira científica, indo ocupar outras áreas do mercado de trabalho”, lamenta Ricardo Galvão.

Ao ter identificado, de forma clara, a necessidade de um aumento emergencial no valor das bolsas nos primeiros cem dias de governo, a equipe de transição do atual governo abriu caminho para a concretização desse objetivo através da designada PEC da Transição. “Foi devido a ela que conseguimos obter esse aumento, através do Congresso Nacional, tendo em consideração que parte desses recursos foram para o CNPq e para a CAPES, o que permitiu dar essa valorização das bolsas. Espero que agora possamos atrair muitos mais alunos para a carreira científica”, pontua o presidente do CNPq.

Em relação às recentes declarações da Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, de que ao longo de 2023 poderão ser implementadas mais de dez mil  novas bolsas, o Prof. Ricardo Galvão salientou que ainda está sendo realizado um estudo orçamentário detalhado. Como o atual aumento do valor das bolsas foi feito através da PEC da Transição – só para o CNPq foram disponibilizados cerca de R$406 milhões -, e esse recursos entraram no orçamento deste ano, não se sabe ao certo, ainda, o que vai acontecer em 2024. “Nós temos que desenvolver ações junto do Ministério do Planejamento para garantir a continuidade desses recursos para bolsas de doutorado (4 anos) e de mestrado (2 anos). Se distribuirmos tudo agora, qual será a garantia de como iremos mantê-las? Estamos num processo de um estudo muito detalhado, inclusive porque várias bolsas não vêm só de recursos do CNPq, mas também através de outros parceiros”, enfatiza o Prof. Ricardo Galvão.

Investimentos para projetos de pesquisa

Uma das primeiras ações para o futuro será a execução do Plano Plurianual da União (PPA), já que ele é essencial para o CNPq, por forma a que o órgão possa contar com mais recursos para investimentos em projetos de pesquisa, algo que, para Ricardo Galvão, ainda é um gargalo que deverá ser resolvido. “A situação atual não é a que nós gostaríamos que fosse, atendendo a que o CNPq está gastando 90% de seu orçamento na atribuição de bolsas e apenas 10% em investimentos para projetos de pesquisa. Então, o que adianta ter bolsistas se eles não têm laboratórios ou outras instalações para poderem trabalhar? Queremos inverter essa situação e ter mais recursos para investimento”, pontua o Prof. Ricardo Galvão, acrescentando que, por outro lado, já iniciou a elaboração de um plano cujos detalhes serão conhecidos nos próximos meses, para atrair os doutores que estão no exterior. “O objetivo é trazê-los de volta para o país, não através da concessão de bolsas, mas na possibilidade de podermos oferecer contratos de trabalho temporário de quatro anos. Estamos trabalhando profundamente nisso, bem como em uma melhoria no relacionamento e interação com as fundações de amparo à pesquisa estaduais e com os órgãos no exterior.

Ciência é fundamental para o futuro do Brasil

E, se a ciência é, comprovadamente, uma área fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação, o Brasil pode ser um dos países que pode assumir essa relevância. Para Ricardo Galvão, o exemplo mais marcante foi a resposta que a ciência mundial deu, num curto espaço de tempo, para combater a pandemia. Contudo, para o presidente do CNPq ainda existem ameaças latentes. “Nós temos, certamente, ameaças muito grandes não só para o nosso país, como para o resto do mundo: o aquecimento global, as mudanças climáticas e uma preocupação muito grande com um desenvolvimento sustentável, e a ciência é fundamental para enfrentar e resolver essas ameaças”, sublinha Ricardo Galvão.

“Resumidamente, nós não vamos ter um desenvolvimento no país que seja sustentável ou socialmente justo sem que hajam políticas públicas que estejam fortemente alicerçadas na ciência e tecnologia”, conclui nosso entrevistado.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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