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21 de fevereiro de 2011

Possibilidade aos novos alunos

Com uma infraestrutura desenvolvida e conhecimento transmitido por pesquisadores de ponta, alunos de graduação criam projetos surpreendentes

Passado o estresse dos estudos, a ansiedade na espera pelos resultados e, finalmente, a imensa euforia pela aprovação, recém-graduandos, depois de dias de comemoração, iniciam a nova rotina estudantil.

Para aqueles aprovados na Universidade de São Paulo, considerada a melhor universidade brasileira e sonho de grande maioria dos aspirantes a uma vaga no ensino superior, as possibilidades são infinitas, mas o sucesso só será garantido com dedicação individual.

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC), igualmente renomado e com uma infraestrutura de primeiro mundo, as possibilidades são diversas. Prova disso são os alunos, Lucas Assirati e Fernando Arruda Mendes de Oliveira, orientandos por projetos de iniciação científica do docente, Luiz Antônio de Oliveira Nunes.

Tanto Lucas como Fernando, ao longo de um ano, desenvolveram estudos que resultaram em instrumentos de grande utilidade e já atraíram o interesse de empresários.

Ambos desenvolvem seus projetos no laboratório do Instituto de Nanotecnolgia para Marcadores Integrados (INAMI), do qual Luiz Antônio é membro, que tem como linha de pesquisa o desenvolvimento de marcadores fluorescentes.

Tecnologia em laboratório

Lucas está no último ano de graduação e começou seu trabalho no INAMI há quatro anos.

Sua pesquisa consiste na criação de interface para aparelhos, trazendo conhecimentos adquiridos em sala de aula para aplicação em laboratório. “Na sala de aula só retemos o conhecimento, mas o mercado exige que esse conhecimento seja aplicado”, afirma Lucas.

O instrumento desenvolvido por Lucas é um sensor de imagem. Para seu projeto, foram desenvolvidos novos hardwaresoftware, e através desses programas, em conjunto com o aparelho, é possível detectar espectros químicos. Esses espectros- linhas gráficas- terão comprimentos de onda específicos, dependendo do produto químico identificado.

Na prática, se há adulteração em algum produto, o aparelho pode identificar. “Há algum tempo, quando ocorreu a adulteração do leite, por exemplo. Se colocássemos uma amostra do leite adulterado no aparelho, teríamos espectros incomuns. Os espectros apontariam a presença da água oxigenada e poderíamos saber que ele estava adulterado”, explica Lucas. “O gráfico para o leite puro é diferente do gráfico para o leite adulterado”, exemplifica.

Dessa forma, é possível identificar alterações em remédios, combustíveis e quaisquer outros compostos.

Lucas desenvolveu, também, a interface de um segundo projeto: softwaree hardware para uma câmera de infravermelho, capaz de compor imagens térmicas. De acordo com a temperatura do corpo, cores diferentes são mostradas no monitor do computador. Ela pode ser aplicada para identificar tecidos cancerígenos. “Como o metabolismo fica mais acelerado nas partes do corpo que têm um tumor, essas partes ficam mais quentes e são identificadas pela cor vermelha”.

A real inovação do projeto de Lucas foi construir a câmera, que se conecta ao computador, através de portas USB. “Antigamente, essa câmera era presa a um computador específico. Com as portas USB, ela pode ser carregada e conectada a qualquer máquina. Você pode, por exemplo, levar a câmera em um hospital, para fazer exames. Basta levar junto um leptop para conectá-la”, conta Lucas.

O novo instrumento pode ser utilizado para identificar outras doenças, relacionadas a problemas de circulação- regiões afetadas são mais frias.

“As vantagens de participar de um projeto como esse são diversas: em relação ao custo, construir um aparelho como esse em laboratório é infinitamente mais barato do que se fôssemos comprá-lo. Em relação ao aprendizado, é ver acontecer na prática tudo o que aprendemos em sala de aula. Essa experiência, para o meu futuro, pode ser aproveitada para outros projetos ou até mesmo para o meio profissional, pois pude aprender como se lida com projetos, prazos de entrega, enfim, responsabilidades”, conta Lucas.

Tecnologia renascida da sucata

Um aparelho sucateado, adquirido por Luiz Antônio, depois de “reformado”, foi adaptado para o uso em portas USB e tem como princípio separar comprimento de ondas de uma luz que passe por ele, com cores previamente selecionadas. “Já temos o domínio da técnica para construir um novo dispositivo”, explica Fernando, responsável pela reconstrução do antigo aparelho.

Um software, também criado para uso específico, constrói um gráfico, com mais detalhes. “Podemos analisar alguns equipamentos através desse aparelho. Um escapamento de um carro, por exemplo. Através dos gráficos formados, podemos analisar se houve gasolina que não foi queimada, quantidade de monóxido de carbono emitida… As grandes fábricas de automóveis, hoje, certamente utilizam algum aparelho semelhante, para analisar se a queima de combustível está sendo eficiente”, explica Fernando.

No programa criado por Fernando, é possível, também, a análise matemática dos gráficos construídos. “Se você faz todo esse trabalho para a construção de um gráfico e envia para outra pessoa, basta que ela saiba analisar o gráfico, não é necessário que ela tenha conhecimento de como isso foi feito”, explica. “O interessante é o valor agregado no aparelho, pois era um aparelho sem uso, que não valia nada. Em funcionamento, este dispositivo passa a valer cerca de 100 mil dólares, ou seja, foi uma sucata transformada em equipamento valioso”, diz Fernando.

A importância da pesquisa

Lucas e Fernando afirmam que, embora a base do conhecimento tenha início na sala de aula, só é finalizada com a prática.

Guiados pela curiosidade e disposição, mas, sobretudo pelo interesse no conhecimento, esses estudantes têm, em mãos, muitas possibilidades. “O tempo que o estudante passa aqui pode, realmente, ser revertido em conhecimento para si próprio”, diz Luiz Antônio.

Ele enfatiza que a importância maior da participação em projetos é a capacidade que isso tem de mostrar aos alunos a ligação do que é aprendido em sala de aula com a realidade. “Muitas vezes, isso não fica claro, apenas em sala de aula. Através da participação em pesquisas é que o aluno consegue, realmente, enxergar a importância do conhecimento científico”.

Luiz Antonio afirma que, no caso específico do IFSC, muitos conhecimentos são oferecidos aos alunos. “São Carlos é um lugar, onde, realmente, o estudante pode crescer muito! Aqui no Instituto são oferecidas inúmeras possibilidades, não existe algo que você queira e não consiga”.

A formação acadêmica, somada à experiência em laboratório, direcionará o aluno ao sucesso. “Fazer pesquisa é um vício em descobrir coisas novas, e isso exige uma enorme dedicação. Para um futuro empreendedor, essa experiência é necessária e imprescindível”. E o docente finaliza com o seguinte conselho: “A sociedade não suporta mais amadores. Assim como numa maratona, o preparo deve vir desde o começo da graduação. De nada adiantará o aluno deixar para se preparar no final do curso, afinal não se ganha uma maratona iniciando os treinos dias antes que ela ocorra. Minha mensagem aos alunos é que comecem esse treino agora. Com isso em mente, com certeza, no futuro, esse aluno será um profissional diferenciado e terá seu sucesso garantido”.

Tatiana G. Zanon/Assessoria de Comunicação

Data: 21 de fevereiro

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