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6 de outubro de 2016

Na busca por antidepressivos mais eficazes

Os medicamentos antidepressivos Paroxetina e Fluoxetina foram aprimorados em DEPRESSAO-250um estudo desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), que resultou na criação de novos insumos farmacêuticos ativos com qualidade superior à dos citados fármacos, amplamente comercializados no país, onde, embora passe por análise da ANVISA*, uma parte expressiva dos remédios disponibilizados nas prateleiras de farmácias pode apresentar complicações que impactam na ação farmacológica dos medicamentos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, no mundo, mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão, situação que pode acometer um indivíduo em três níveis: sintomas, síndrome e doença. No primeiro nível, a depressão não afeta o desenvolvimento de atividades básicas do paciente, de modo que a pessoa pode viver normalmente. No segundo estágio, já existe a possibilidade da rotina do indivíduo ser impactada, como, por exemplo, através de sintomas fisiológicos, incluindo dores de cabeça e irritações, enquanto que, no último nível, a depressão pode comprometer gravemente o dia-a-dia do paciente, cujos sintomas vão desde o sentimento de angústia até o desejo de morte.

Neste último caso, o uso de antidepressivos é uma das intervenções mais indicadas pelos médicos. No organismo humano, esses fármacos regulam a atividade dos neurotransmissores – moléculas que transmitem informações entre os neurônios -, em especial, da serotonina. Uma vez regulada, ela transmite a sensação de bom humor, aliviando, assim, os sintomas da depressão.

Dentre as temáticas abordadas na pesquisa em questão, uma refere-se à investigação da perda de água da estrutura cristalina de um dos sólidos farmacêuticos. Desde então, o doutorando do IFSC, Paulo de Sousa Carvalho Júnior, tem estudado novas formas sólidas de ambos os fármacos (confira artigos referentes a esses estudos AQUI e AQUI), com o objetivo de desenvolver futuramente antidepressivos mais eficazes, estáveis, com uma apresentação mínima de efeitos colaterais e com preços mais acessíveis.

Em seu projeto de doutorado, o pesquisador desenvolveu várias formas sólidas de ambos os fármacos, sendo que cada exemplar tinha estrutura cristalina diferente. Esse processo permitiu que ele analisasse qual era a forma do fármaco no estado sólido mais eficiente. Paulo pôde observar, também, algumas propriedades que têm maiores chances de atuar com eficácia. Ao detectar propriedades que funcionam bem em apenas alguns organismos, torna-se mais fácil o desenvolvimento de insumos capazes de agir de maneira correta na maioria dos pacientes, evitando que aqueles medicamentos que funcionam bem para nós deixem de causar efeito positivo em outro indivíduo.

Através de uma série de estudos, o doutorando obteve dois insumos que apresentaram solubilidade e estabilidade superiores às dos fármacos Paroxetina e Fluoxetina. Agora, o próximo passo de Paulo Sousa é desenvolver uma nova análise, porém, de um terceiro antidepressivo: o Sertralina.

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O Prof. Dr. Javier Ellena, docente do Grupo de Cristalografia do IFSC/USP que orienta o projeto de Paulo, explica que este trabalho é mais uma ação desenvolvida no sentido de provocar uma quebra de paradigma no setor farmacêutico brasileiro, demonstrando que existe a possibilidade de desenvolver fármacos que apresentam menores efeitos colaterais, que tenham ação mais eficaz, estável e seletiva, e que possam ser comercializados a partir de preços mais acessíveis. Isso porque, segundo o pesquisador, há vários medicamentos comerciais, como os controlados, que poderiam ter suas fórmulas aprimoradas. “Mesmo assim, de modo lento, a indústria farmacêutica tem aprendido a reforçar a segurança e qualidade dos insumos farmacêuticos”, pontua.

O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi desenvolvido em parceria com pesquisadores da Universidade de Durham (Inglaterra) – na qual Paulo teve a oportunidade de atuar durante dez meses, desenvolvendo parte das atividades de seu doutorado – e do instituto Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em resumo, o objetivo final de Paulo e Javier é tentar comercializar os insumos que têm estudado nos laboratórios do IFSC/USP. Mas, até que essas novas formas sólidas resultem em medicamentos que possam chegar às farmácias, ambos relembram que existem diversas pesquisas a serem concluídas ao longo dos próximos anos.

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Na foto, a banca que avaliou o trabalho agora divulgado de Paulo de Souza Junior. Da esqª para a dtª – Renato Carneiro (DQ-UFSCar), Alessandra Viçosa (Farmanguinhos), Antonio Doriguetto (UNIFAL), Paulo Souza Junior (IFSC/USP), Javier Ellena (IFSC/USP) e João Renato (IFSC/USP)

A pesquisa descrita nesta matéria de divulgação pode se encontrar em fase inicial de desenvolvimento. A eventualidade de sua aplicação para uso humano, animal, agrícola ou correlatas deverá ser previamente avaliada e receber aprovação oficial dos órgãos federais e estaduais competentes. A responsabilidade pelas informações contidas na reportagem é de inteira responsabilidade do pesquisador responsável pelo estudo, que foram devidamente conferidas pelo mesmo, após editadas por jornalista responsável devidamente identificado, não implicando, por isso, em responsabilidade da instituição.

*Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Créditos: Imagem 1 – Shutterstock)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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