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29 de novembro de 2011

Os cuidados com os vários tipos de lixo

Vivendo em um mundo em que o apelo à preservação ambiental e o cuidado com a saúde são as prioridades mais imediatas do homem, nós nos vemos constantemente em contato com campanhas de conscientização e alertas da mídia e de autoridades sobre como lidar com o lixo que produzimos. Reduzir, reutilizar e reciclar – estes verbos parecem ser o lema da modernidade, a maneira mais acessível à população de participar das investidas sustentáveis e conviver com a natureza o mais harmoniosamente possível. Mas, além do lixo doméstico, há outros tipos de lixo que necessitam de cuidados especiais e podem causar danos severos ao meio ambiente e ao ser humano – lixo hospitalar, lixo químico, lixo nuclear. Como eles estão sendo tratados? Devemos nos preocupar?

Lixo1-180x180No Brasil, mais de 115 mil toneladas de detritos são produzidos dentro das residências e descartados diariamente, o que corresponde a 70% de todo o lixo produzido por cidade brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A legislação do Estado de São Paulo apresenta leis específicas para o descarte do lixo, obrigando, por exemplo, condomínios com mais de cinquenta unidades, shoppings, prédios comerciais e indústrias a separar seu lixo e destiná-los a coleta seletiva para posterior reciclagem. Para os lixões e os aterros sanitários só deverão ser levados materiais orgânicos, como restos de comida, e outros materiais não reaproveitáveis, como isopor, papel higiênico e espelhos.

Contudo, segundo dados assombrosos do Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema-USP), do total de lixo produzido nas casas, apenas 2% é destinado à coleta seletiva de fato, devido a fatores como a própria falta de trato dos detritos por parte da população, o descuidado de empresas de limpeza geral locais em sua separação e ocasionalmente a dificuldade de acesso a estes serviços em algumas cidades brasileiras.

Para amenizar este quadro e fazer valer a legislação, além dos cuidados que cabem à prefeitura, como contratação de empresas de limpeza eficazes, os cidadãos podem tomar alguns cuidados que contribuem para a redução da quantidade armazenada em lixões e aterros sanitários que já vêem sua capacidade máxima no limite. Além disso, a coleta seletiva e a reciclagem impulsionam fortemente a geração local de empregos, já que não demandam, em sua maioria, qualquer especialização, e oferecem a oportunidade de uma fonte de renda a milhares de trabalhadores brasileiros, caracterizando também uma atividade empresarial com grande caráter social. Isso sem mencionar, é claro, uma consciência limpa, primeiro sintoma de contribuição efetiva.

Há medidas simples que podem ser adotadas dentro das residências e ter um impacto enorme nestas estatísticas, a começar, logicamente, pela limpeza e separação de papéis, vidros, plásticos e metais. A reciclagem destes materiais facilita o trato do lixo pois o tempo que demoram pra se decompor é assustador – o plástico demora 450 anos, o alúminio demora 200 anos e o vidro, até 1 milhão de anos. Além disso, reciclar materiais causa uma grande economia nos recursos naturais que se utilizaria para fabricá-los outra vez. Novamente, segundo dados da Cepema-USP, uma tonelada de papel reciclado poupa aproximadamente 22 árvores, 75% de energia elétrica e polui o ar 74% menos do que a produção de papel com matéria-prima virgem. A compostagem doméstica também é uma solução, pode ser feita em um tambor simples de plástico e, se aliada a um triturador para moer restos de comida, pode reduzir em 60% o lixo produzido por uma família. O triturador de lixo na pia também é uma boa alternativa, reduzindo a produção do lixo orgânico ao levá-lo a estação de tratamentos de esgoto, sem gastar mais energia do que uma lâmpada 100 watts. A separação do óleo de cozinha e encaminhamento para uma ONG responsável pela coleta em sua cidade, que pode fazer uso do material para produção de biocombustível ou sabão também pode funcionar de uma maneira impressionante, já que se estima que um litro de óleo de cozinha possa contaminar até 20 mil litros de água potável.

Estas são medidas simples, seguras e limpas que, se adotadas em cada residência do país, podem reduzir significativamente o impacto da presença do homem no planeta. Mas e os outros tipos de lixo, produzidos por grandes indústrias, por centros de pesquisa, por centros de saúde? Quem se responsabiliza por eles? Para onde eles vão? Qual é o perigo da toxicidade que eles produzem?

O problema do lixo hospitalar

quadro1_lixohospitalarO lixo hospitalar constitui um dos maiores riscos de detritos produzidos pelo homem na atualidade. Em setembro deste ano, o Estado do Pernambuco ficou alarmado com o caso da importação de mais de 50 toneladas de lixo hospitalar dos Estados Unidos para reutilização em empresas têxteis, e não sem motivo. Representando até 3% dos resíduos urbanos, este tipo de lixo é um enorme perigo à saúde e ao meio ambiente se não tratado corretamente, podendo contaminar o solo, o ar, águas superficiais e profundas, além de causar diversos tipos de acidentes com humanos que porventura tenham contato com estes materiais (o que não é raro, já que frequentemente somos noticiados sobre crianças brincando em aterros com lixo hospitalar ou catadores se alimentando de carne humana depositadas inadequadamente) e também contaminações por microorganismos causadores de doenças. Os elementos produzidos pelo mau descarte destes resíduos, como metais pesados, cianetos, ácidos, óleos e solventes forçam os países desenvolvidos a adotarem medidas extremamente cautelosas e oferecem tratamento especial ao que chamam de resíduos “perigosos”, “patogênicos” e “patológicos”. A maior constante é a recomendação de incineração total de todo o lixo hospitalar. No entanto, essa medida ainda não parece ser a mais adequada, já que, além de calor, a incineração gera dióxido de carbono, óxidos de enxofre e nitrogênio, cinzas voláteis e dioxinas que só podem ser parcialmente controladas através de custosos processos de limpeza dos gases. Para países com poucos recursos, ainda, é uma grande dificuldade equipar seus hospitais com incineradores e a maioria do lixo hospitalar acaba sendo queimado a céu aberto, enquanto o restante é depositado no aterro sanitário juntamente com o lixo residencial comum, um perigo incalculável para a comunidade local.

Outra saída que os países mais desenvolvidos têm adotado contra este perigo é a chamada “auto-clave”, um tipo de esterilização do lixo infectante, mas novamente o custo deste procedimento é elevado demais para países de terceiro mundo que, como alternativa, acabam depositando-o em valas assépticas. Como no caso de descarte para o lixo comum, o espaço para receber todo o material ainda é um problema mesmo em grandes cidades brasileiras.

Toda a preocupação de funcionários, colaboradores e clientes de instituições de saúde, bem como dos trabalhadores que lidam com o lixo, não é desmotivado. Os perigos de infecção estão presentes na realidade de quem vive cotidianamente com estes resídos, e aumentam com a disseminação de doenças como a hepatite, a AIDS e outras contagiosas, constituindo um sério risco epidemológico à população. Mesmo enfrentando este quadro, a política brasileira de descarte de lixo hospitalar ainda se vê em um estágio muito precário, tendo o Conselho Nacional do Meio Ambiente desobrigado a incineração do mesmo em 1991, sem oferecer maiores diretrizes específicas sobre o assunto. Assim, o lixo hospitalar segue como um inimigo à saúde pública e ao meio ambiente, sem maiores atenções tanto da parte da população quanto dos dirigentes nacionais.

O lixo nuclear

Por outro lado, os resíduos provenientes de processos nucleares, ou seja, os chamados materiais radioativos produzidos por usinas nucleares e laboratórios de exames clínicos, tem alarmado a população em uma constante crescente. Em 2011, o acidente da usina nuclear de Chernobyl completou 25 anos, reacendendo as discussões sobre a viabilidade da produção de energia nuclear, ao lado das polêmicas explosões ocorridas no complexo nuclear de Fukushima, no Japão, após o tsunami que devastou o país em abril deste ano. Mas para além dos supostos perigos que a população teme no funcionamento de usinas de produção energética deste tipo, há uma questão também pendente: o que se faz com os resíduos provenientes dos processos nucleares que ocorrem ali?

quadro2_lixonuclearO combustível utilizado para fazer funcionar os reatores nucleares – urânio 235, basicamente, e 3% de urânio 238 (o urânio enriquecido) -, depois de passar pelo processo de fissão, transforma o urânio 238 em uma série de materiais em sua maioria inofensivos, mas alguns deles podem de fato ser perigosos para a vida, como o césio 137, o selênio, a iodina e o plutônio, por exemplo, que constituem o que se chama de rejeito radioativo. Estes são os elementos de longa vida: enquanto os outros materiais decaem rapidamente, estes continuam irradiando por um tempo muito grande. Esta pequena parte do combustível nuclear deve ser armazenada cuidadosamente até que cesse de irradiar. Atualmente, o método para impedir este rejeito de afetar o meio ambiente é inseri-la em uma espécie de piscina com água, de modo que o material fique totalmente encoberto, com um mecanismo de filtragem regular para subtrair os elementos radioativos, que são átomos pesados e, por essa razão, são filtrados com facilidade. “A água é um excelente obstáculo para a radiação, perdendo apenas para o chumbo ou para o concreto em capacidade de blindagem, com a vantagem de resfriar o combustível”, afirma o pesquisador José Eduardo Martinho Hornos, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), especialista em energia nuclear.

Segundo ele, este ambiente é monitorado por tecnologias de alta precisão e por uma cabine supervisionada dentro da própria usina. Como a radiação é basicamente uma luz, o único risco que decorre deste método seria a contaminação do solo ou a evaporação da água. “Estes dois riscos são facilmente detectados com a precisão dos equipamentos utilizados na usina, baseados em lasers de alta precisão, e a estrutura das piscinas é construída de maneira muito especial, com um tipo de concreto reforçado e extremamente resistente às ações do tempo”, afirma Hornos.

Segundo ele, ainda, as usinas nucleares são o único tipo de empreendimento que trabalham com o conceito de descomissionamento, ou seja, a inclusão em seu projeto inicial dos procedimentos a serem adotados quando da desinstalação da mesma. Assim, os rejeitos têm um destino certo antes mesmo de existirem. O que será feito, então, com estes resíduos após o desmonte das usinas?

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No Brasil, e em vários outros países como China e França, será construído um repositório com barreiras de engenharia e geológicas projetadas para um período de aproximadamente 500 anos, o que é ainda um período relativamente curto para a segurança destes materiais. Estes repositórios serão construídos em uma grande profundidade de um local deserto, para que a propagação através da água não seja um risco, e os materiais serão ali depositados após serem revestidos de uma cobertura especial que bloqueie a emissão de radioatividade. A pergunta ainda é: por que então não construir locais resistentes a maiores períodos de tempo, por segurança? Hornos explica que os materiais emissores de radioatividade são elementos nobres, exóticos, que são temidos atualmente, mas podem ter grandes potenciais de aplicaçãões benéficas à socidade se um dia dominados, diferentemente do lixo químico ou hospitalar. “Não sabemos ainda como as propriedades destes materiais podem ser utilizadas, então pode não ser uma boa idéia fazer um grande investimento para esconder elementos preciosos”, estima ele.

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Inimigo silencioso

Os medos decorrentes dos perigos do lixo que nós mesmos produzimos não são meros frutos da imaginação do ser humano. Na modernidade, aquilo que mais tememos é o inimigo invisível, silencioso, que não podemos ver, não podemos manipular com facilidade. “A relação sensitiva se dá através de um equipamento tecnológico, de um ponteiro, e nós tememos muito aquilo sob o qual não temos um controle natural”, reflete o pesquisador. Mas a defesa contra estas ameaças não é impossível, pelo contrário, pode ser bastante eficaz quando encarada com a gravidade que lhe é devida, com seriedade e profissionalismo. “Os exemplos de tratamento de lixo hospitalar e o lixo nuclear revelam que nós convivemos diariamente com perigos reais em meio àquilo que nos faz sentir seguros, como nosso lar ou o local onde deveriam cuidar de nosso corpo, mas ficamos apavorados com aquilo que temos sob controle, e por isso precisamos rever nossos conceitos e atitudes”, conclui Hornos.

Assessoria de Comunicação

28 de novembro de 2011

IFSC recebe palestrantes internacionais

Na próxima terça-feira, 29 de novembro, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) receberá os pesquisadores internacionais, Duncan Craig, Tharin Blumenschein e Susan Baker, para proferir a palestra “Science Research at the University of East Anglia and Potential Areas for Collaboration”.

Segue, abaixo, um breve histórico sobre a Universidade, da qual os professores fazem parte:

A Universidade do Leste da Anglia (em inglês, UEA) é uma das 150 universidades mundiais de destaque, com pontos fortes em ciência aplicada. É localizada, aproximadamente, a 150 quilômetros ao nordeste de Londres e instalada na histórica e bonita cidade de Norwich. Os palestrantes são parceiros chave do Norwich Research Park, compreendendo o John Innes Centre, o Institute of Food Research, Genome Analysis Centre, the Sainsbury Laboratory e o hospital Norfolk and Norwich. A UEA tem todas as suas escolas de ciência trabalhando em conjunto e cada escola compreendendo cientistas com um arranjo de diferentes habilidades. A escola inclui química, farmácia, ciências do ambiente, matemática, ciências da computação e ciências biológicas, com âmbito no ensino de física, engenharia e ciências sociais. Busca-se estender e aprofundar o relacionamento entre os continentes e, por consequência, há grande interesse em explorar possibilidades de colaboração com a Universidade de São Paulo.

Para assistir ao evento, que será em inglês, basta dirigir-se ao auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”, às 14h30. A palestra será gratuita e todos estão convidados a participar.

Assessoria de Comunicação

28 de novembro de 2011

Glaucius Oliva (IFSC-USP) e Edgar Zanotto (UFSCAR) eleitos novos membros

 

Os professores Glaucius Oliva (IFSC-USP), na área de Biologia Molecular, Estrutural e Celular, e Edgar Dutra Zanotto (DEM-UFSCar), na área de Ciências da Engenharia, estão entre os sete acadêmicos brasileiros que constituem o grupo de 45 cientistas eleitos para, a partir do próximo ano, ocuparem uma cadeira na TWAS – Academy of Sciences for the Developing World.

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Os nomes dos novos membros da TWAS foram anunciados no decurso da 22ª Reunião Geral da Academia, realizada entre os dias 21 e 23 deste mês, no Centro Internacional Abdus Salam de Física Teórica (ICTP, na sigla em inglês), localizado na cidade de Trieste, Itália.

Restantes pesquisadores brasileiros eleitos para a TWAS:

Carlos Henrique de Brito Cruz – UNICAMP;

Hilário Alencar da Silva – UFAL;

Ohara Augusto – USP;

Sergio Costa Oliveira – UFMG;

Thaisa Storchi-Bergmann – UFRGS;

Para os responsáveis da TWAS, as reuniões gerais da Academia tornaram-se eventos de referência para os interessados nos avanços da ciência no mundo em desenvolvimento, sendo que a edição deste ano mostrou o grande e excelente trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido nos países em desenvolvimento.

Os novos membros da TWAS tomarão posse em 2012, em cerimônia que decorrerá na República Popular da China.

Assessoria de Comunicação/ABC/TWAS

26 de novembro de 2011

Prof. Vanderlei Bagnato recebe Prêmio Personalidade da Tecnologia 2011

No âmbito do Dia do Engenheiro, que se comemora no próximo dia 11 de dezembro, o SEESP – Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo irá atribuir o PRÊMIO PERSONALIDADE DE TECNOLOGIA 2011 – ÁREA INOVAÇÃO ao Prof. Vanderlei Bagnato, docente e pesquisador do IFSC-USP.

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Enaltecendo os profissionais que mais se destacaram em suas áreas de atuação, o PRÊMIO PERSONALIDADE DE TECNOLOGIA, que é atribuído desde 1987, visa distinguir todos quantos colocam seu saber e dedicação a serviço do avanço científico e tecnológico, do desenvolvimento nacional e do bem-estar da população brasileira.

Além do Prof. Vanderlei Bagnato, o referido prêmio será igualmente entregue às seguintes individualidades:

Aloízio Mercadante Oliva – Área de Valorização Profissional;

Lucas Antonio Moscato – Área de Informática;

Shozo Motoyama – Área de História da Engenharia;

Antonio Mauro Saraiva – Área de Agricultura;

Luiz de Queiroz Orsini – Área de Educação.

 

Assessoria de Comunicação

 

 

25 de novembro de 2011

Grande colisor de Hádrons (LHC) foi tema de discussão

DSC02607O Colloquium Diei desta semana trouxe como tema o polêmico Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado em Genebra, na Organização Européia para Pesquisa Nuclear (o CERN). O LHC entrou em funcionamento em 2008, em meio a grandes discussões na mídia e na academia sobre suas capacidades e suas ameaças. Devido à grandiosidade de seus objetivos, como o de explicar a origem da massa das partículas elementares e também o de encontrar outras dimensões no espaço, alguns cientistas temiam que o equipamento poderia causar catástrofes de grandes dimensões, como um buraco negro que pudesse “engolir” o planeta Terra, ou a geração de uma espécie de “matéria estranha”.

Deixando estas críticas um pouco de lado, o pesquisador Oscar Eboli, do IFUSP, especialista em Física das Partículas Elementares e, mais especificamente, Física de anéis de colisão, explorou as maiores potencialidades do LHC, detalhando as possibilidades de novas descobertas e seus impactos no mundo científico.

Esta foi a penúltima edição de 2011 do Colloquium Diei. A próxima palestra acontecerá no dia 2 de dezembro, às 10h30, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas. O tema será “Localização de Anderson da luz em metamateriais”, apresentado pelo Prof. Raimundo Rocha dos Santos, do Instituto de Física da UERJ.

Assessoria de Comunicação

25 de novembro de 2011

Pesquisador fala sobre aplicações de sua pesquisa à construção civil

“A Ciência no Brasil tem obrigação de ser útil”, disse o Prof. Dr. Milton Ferreira de Souza, professor Emérito da USP e atualmente professor Visitante do IFSC/USP ao iniciar sua fala na mais recente edição do Colóquio IFSC.  O professor Milton é um dos grandes fundadores do Instituto de Física de São Carlos e teve grande influência no processo de consolidação através de papéis administrativos e de alta produção científica, tendo já orientado mais de trinta teses de pós-graduação e sendo ainda hoje consideravelmente ativo e produzindo inovações de grande relevância para o país. A seu ver, o Brasil, enquanto um país ainda pobre e em desenvolvimento, deve ser modificado através da ciência.

gessoProva concreta desta produção voltada às necessidades sociais foi o tema exposto nesta palestra, relacionado às propriedades adesivas da água. “A água é um adesivo poderoso, mesmo desconsiderando a tensão na interface água-substrato”, comentou o pesquisador, que listou alguns materiais em que esta propriedade da água pode ser mais facilmente observada, que são os materiais de natureza hidrofílica: celulose, gesso, nylon, cimentos e, muito possivelmente, materiais biológicos. A aplicação na área biológica é uma continuação de sua pesquisa, já bastante avançada, testada e aplicada com sucesso com os outros tipos de materiais.

miltonfO pesquisador expôs concretamente o exemplo do sulfato de cálcio, o gesso. Muito fácil de se obter e utilizado em grande escala na agropecuária, é um material considerado frágil e de eficiência relativamente baixa para os fins em que é aplicado. Pensando nessa deficiência, Milton conseguiu, junto a seu grupo de pesquisa, atingir altos níveis de resistência para este material. O gesso comum como conhecemos transformou-se em um material praticamente inquebrável e não-poroso. Moldado em forma de blocos, o material está sendo considerado extremamente viável para aplicação na construção civil, proporcionando uma montagem rápida, ótima resistência e durabilidade, além de uma prática pintura. Em São Carlos, Milton já conseguiu erguer um Auditório com essa inovação, e convidou a visitá-lo qualquer um que se interesse pelo assunto.

A discussão da palestra foi, então, de que maneira pode-se modificar um material tão simples e transformá-lo em algo tão resistente? A resposta está, basicamente, nas partículas de água contidas em sua fórmula, que podem ser adesivadas entre si. Milton então explicou, passo a passo, como a pesquisa foi idealizada e finalizada em seu laboratório, demonstrando as potencialidades da água e expondo os benefícios sociais de seu projeto.

Os Colóquios do IFSC são realizados todas as sextas-feiras, às 10h30, no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas. Nas próximas semanas, porém, em virtude do feriado de 7 de setembro e do TUSCA, não haverá palestra. A próxima edição será realizada no dia 23 de setembro, com a presença do pesquisador Adriano Alencar, do Instituto de Física da USP.

Assessoria de Comunicação

24 de novembro de 2011

Pesquisadores do IFSC desenvolvem novos métodos para avaliar toxicidade de nanomateriais

Pesquisadores do IFSC, em colaboração com pesquisadores do IQSC, apresentaram uma nova abordagem para investigar os aspectos de toxicidade de nanopartículas e nanotubos de carbono. O trabalho é inserido na temática de Nanotoxicologia, uma das áreas de pesquisa do Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC, e representa uma preocupação atual, no Brasil e no exterior, cujo entendimento pode beneficiar a fabricação, comercialização e uso dos nanomateriais.

O artigo foi publicado na revista Nanotoxicology.

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Contato: zuco@ifsc.usp.br.

Assessoria de Comunicação

24 de novembro de 2011

Editais para Técnico em Mecânica e Biólogo

O IFSC torna pública a abertura de concursos públicos para o preenchimento de 1 vaga na carreira do Grupo Técnico 1A (Técnico em Mecânica) e 1 vaga na carreira do Grupo Superior 1A (Biólogo)

Quanto à vaga de Técnico em Mecânica, as inscrições deverão ser efetuadas no período de 25/11/2011 a 09/12/2011, exclusivamente, por meio da Internet, sendo necessário o preenchimento e a transmissão da ficha de inscrição, bem como o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 46,00.

Para se candidatar à vaga de Biólogo, o procedimento é o mesmo, com período de inscriçõs de 25/11/2011 a 21/12/2011 e taxa de inscrição no valor de R$ 86,00.

As inscrições deverão ser realizadas pela Internet até 17:00 horas do último dia de inscrições, através do acesso ao site: http://www.sistemas.usp.br/marteweb, clicando no link: Concursos Públicos.

Veja os editais:

Técnico em Mecânica

Biólogo

Assessoria de Comunicação

24 de novembro de 2011

Realização de provas para Professor Doutor

O IFSC comunica que as provas do concurso de Professor Doutor nas áreas de Óptica não linear; Biofotônica; Átomos frios e Moléculas frias; Materiais óxidos nanoestruturados; Nanofotônica em nanoestruturas: propriedades ópticas de nanoestruturas metálicas e ou semicondutoras; Física Teórica: nas áreas de Sistemas de muitos corpos, Transições de fase, Modelos integráveis e exatamente solúveis, Métodos exatos em teorias de campos, Sólitons, Teoria da Informação Quântica e Spintrônica, terão início no dia 28 de novembro de 2011, com início às 8h, na Sala Celeste deste Instituto.

Assessoria de Comunicação

23 de novembro de 2011

Solenidade de abertura de eventos de Iniciação Científica da USP

Teve início nesta quarta-feira, 23 de novembro, o 19º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP – o SIICUSP- e o XXIII Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica em Engenharia -o CICTE -, eventos que realizarão suas atividades no campus da USP-São Carlos até o dia 25 de novembro. A solenidade de abertura aconteceu pela manhã no Anfiteatro Jorge Caron da Escola de Engenharia de São Carlos, com a presença de diversos alunos e dirigentes da USP e das instituições participantes.

Compondo a mesa da abertura estavam o Prof. Marco Antonio Zago (Pró-Reitor de Pesquisa da USP), Geraldo Nunes Martins da Costa (diretor da EESC), Maria Inês Rocha Miritello Santoro (coordenadora do Programa de Iniciação Científica da USP), Reginaldo Teixeira Coelho (Presidente da Comissão de Pesquisa da EESC), Luís Carlos Passarini (diretor do Centro de Tecnologia Educacional para Engenharia), Kathe Newman (representante da Rutgers University, a Universidade do Estado de New Jersey, EUA), Anne Carey (representante da Universidade do Estado de Ohio, EUA) e Elisa Keating (representante da Universidade do Porto).

Assim, os representantes declararam aberta a semana de atividades, dando as boas vindas aos participantes brasileiros e estrangeiros. O professor Reginaldo Teixeira Coelho convidou os estrangeiros a sentirem-se em casa e aproveitar a oportunidade de aprimorar suas carreiras com este evento, revelando que ele mesmo participou da edição do CICTE de 1985. Ele completou dizendo que este encontro é o momento de mostrar que o conhecimento científico é contrário às leis matemáticas: “Quanto mais se divide, mais se multiplica”, afirmou.

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A representante da Rutgers University contou que sua universidade estabelece esta parceria com a USP desde os anos 70, e que seus alunos estão muito ansiosos para trocar informações com jovens pesquisadores brasileiros e aprender sobre a cultura local, enquanto a professora Elisa, de Portugal, afirmou ser uma grande honra estar no Brasil representando a Universidade do Porto. “Esta cooperação com a USP nos oferece um ótimo retorno e nos últimos anos tem sido considerada uma prioridade para nós”, ela disse, completando: “Espero que nossos alunos tenham a inteligência de continuar contatando brasileiros e trocando conhecimentos com todos”.

Maria Inês Santoro, a coordenadora dos eventos, contou que sempre fica emocionada ao falar sobre essas organizações, que considera dois dos programas mais importantes da universidade. Segundo ela, atualmente, após os grandes avanços que o programa viveu, o maior desafio que resta é manter a qualidade a cada edição. “O que não é tão difícil assim”, afirmou, “já que os trabalhos dos alunos tem surgido com muita qualidade, cada vez mais”.

Prova disso é que, dos 4655 trabalhos inscritos no SIICUSP, 4464 atingiram qualidade o suficiente para serem aceitos no evento. E o interessante é que a distribuição dos trabalhos entre as diversas áreas do conhecimento está a cada ano mais balanceada, conforme pode-se concluir com os dados: 1466 trabalhos na área de Ciências Biológicas e Saúde, 1196 na área de Ciências Humanas e Humanidades, 1135 na área de Ciências Exatas e 667 na área de Agropecuária. Dentre os inscritos, quase mil alunos são provenientes de outras 300 universidades.

Após a solenidade, os alunos já puderam assistir a uma palestra ministrada pelo Dr. Guilherme de Azevedo Melo, diretor de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, que apresentou o tema “A Iniciação Científica e o CNPq”. Nos próximos dias, durante todo o dia, os alunos se ocuparão com apresentações em forma oral (Salas de aula do bloco D), pôster ou sessões técnicas (no Ginásio de Esportes do Campus).

Tanto o CICTE, congresso pioneiro em Iniciação Científica, como o SIICUSP, já se transformaram, depois de vários anos, em eventos de reconhecimento nacional e também internacional, graças à importante motivação que introduziram para a realização das atividades de iniciação científica e tecnológica.

Assessoria de Comunicação

23 de novembro de 2011

Campus II da USP-São Carlos sediará centro de bioenergia e sustentabilidade

 

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Polo TErRA – Pólo Temático em Energias Renováveis e Meio Ambiente – é a nomenclatura do núcleo de pesquisas em bioenergia que será sediado no campus II da USP-São Carlos, no âmbito do programa Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade (NAPBS), lançado em junho na Esalq, e do Centro Paulista de Pesquisas em Bioenergia, com o objetivo de reunir especialistas de três universidades públicas do Estado de São Paulo (USP, Unesp, Unicamp) engajados em pesquisas relacionadas à geração de energia a partir de biomassa.

Esta integração pretende estimular e articular pesquisas sobre biomassa e tecnologias de transformação em biocombustíveis, além de promover e aplicar o conhecimento gerado. De acordo com o coordenador geral do núcleo, também professor da Esalq, Antônio Roque Dechen, o NAPBS pretende igualmente implantar um programa de pós-graduação interuniversidades em bioenergia e sustentabilidade.

Atualmente, apesar de haver grande dedicação às áreas de biocombustíveis, energias renováveis e meio ambiente nos grupos de pesquisa das universidade públicas estaduais, o conhecimento mútuo da pesquisa realizada nestas áreas é dificultado em grande escala pela dimensão e dispersão geográfica das instituições. Nesta fase inicial da pesquisa estão envolvidos pesquisadores da Esalq, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, do Instituto de Física de São Carlos, do Instituto de Química, do Instituto de Biociências, do Instituto de Ciências Biológicas, da Escola Politécnica, das unidades de Ribeirão Preto e da Escola de Engenharia de Lorena, todas unidades da USP. Estes grupos de pesquisa atuam nas mais diversas áreas relacionadas à bioenergia, que vão desde a agricultura e genética de plantas a impactos socioeconômicos e ambientais. Devido a esta complexidade de tópicos, o trabalho foi estruturado em seis principais eixos, que cobrem todas as etapas da produção de energia renováveis: “Produção de Biomassa”, “Genômica Funcional”, “Transformação da Biomassa em Biocombustíveis”, “Morfologia e Composição de Biomassa”, “Processos Industriais” e “Sustentabilidade”. Esta estruturação permitirá um desenvolvimento coordenado de significativa relevância científica e econômica, além de maior produtividade e transferência de conhecimento para o setor produtivo. “Nós não queremos fazer apenas pesquisa básica”, afirma Igor Polikarpov, docente do IFSC, vice-coordenador do NAPBS e dedicado integralmente às pesquisas relacionadas à degradação de biomassa. “Queremos também fazer pesquisa aplicada, que leve até a sociedade os benefícios daquilo que estamos fazendo”, completa.

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Os custos deste novo prédio serão financiados pelo governo estadual, que investe R$ 20 milhões na infraestrutura, pela FAPESP, que investirá nos projetos de pesquisa, e pela USP, que providenciará os recursos humanos necessários para o trabalho prático. O prédio já tem um projeto pronto, apresentando uma área total que envolve 216 mil metros quadrados, divididos em três blocos. Contará com um teatro principal com capacidade para mil pessoas e dois espaços de 2.700 m² cada, destinados a eventos. Além disso, o centro contará com um estacionamento para 1,3 mil veículos. Este novo centro de convenções é uma forma da USP estreitar os laços locais e regionais, servindo tanto à universidade como à comunidade.

E, segundo Polikarpov, a construção do centro seguirá à risca aquilo que prega: “será um ‘prédio verde'”, afirma. A estrutura do prédio deve estar preparada para aplicar, na prática, os princípios da sustentabilidade, constituindo um prédio ecologicamente correto. “Teremos ventilação natural, captação de água pluvial, janelas basculantes no teto do último andar, para dispensar uso de energia elétrica, vigas de sustentação feitas de madeira, entre outras coisas”. A expectativa é que as obras tenham início em 2012 e sejam finalizadas em dois anos. “Nosso ambiente de trabalho será um reflexo das nossas pesquisas: um ambiente inteiramente renovável”, reflete Polikarpov.

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“O mais importante é que, compartilhando um local de trabalho, equipamentos, e principalmente idéias, podemos ampliar nossa visão e talvez fazer algo diferente, para além daquilo que já estamos fazendo bem”, conclui o pesquisador.

Assessoria de Comunicação

22 de novembro de 2011

Divulgação dos locais de prova da primeira fase

A primeira fase da Fuvest 2012 será realizada neste domingo, dia 27 de novembro.

São 61 locais na Grande São Paulo, 53 no Interior do Estado de São Paulo, totalizando 114 locais. Para a Licenciatura em Ciências – Semipresencial, são 2 locais em São Paulo e 3 no Interior (Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos).

Estes 5 locais já foram divulgados no site da FUVEST no dia 17.

A prova conterá 90 questões e versará sobre o conjunto das disciplinas do núcleo comum obrigatório do Ensino Médio: Português, História, Geografia, Matemática, Química, Física, Biologia, Inglês e terá algumas questões Interdisciplinares. Todas as questões serão do tipo teste, com cinco alternativas, das quais apenas uma é correta. A duração da prova será de 5 horas. Não haverá tempo adicional para transcrição das respostas para a folha ótica.

É necessário levar, no dia 27, o documento de identidade, caneta esferográfica (azul ou preta), lápis nº 2 e borracha. O candidato não deve levar, no dia da prova, qualquer tipo de equipamento de telecomunicação.

A chegada à escola deverá ocorrer até 12h30. O início da prova ocorre a partir das 13 horas. Não serão admitidos retardatários.

A relação dos locais de prova da primeira fase do FUVEST 2012 está divulgada no site da Fuvest. É necessário o número de inscrição para saber o local de prova. Para a Licenciatura em Ciências – Semipresencial, o candidato deve consultar o site e procurar em “Locais de Prova”desse exame.

Mais informações sobre o vestibular podem ser obtidas em www.fuvest.br.



Assessoria de Comunicação, by Comunicação da Fuvest

21 de novembro de 2011

Última palestra do ano será apresentada pelo Prof. Dr. Miguel Nicolelis

A última palestra da programação do “Café com Física” em 2012 será realizada no próximo dia 22/11, terça-feira, com um seminário do Prof. Miguel Nicolelis (Neurobiology, Duke University Medical Center), intitulado “Computing with Neural Ensembles”.

Miguel Nicolelis é um médico e cientista brasileiro. Foi considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo no começo da década passada, segundo a revista “Scientific American”, além de considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Nicolelis é o primeiro cientista a receber da instituição americana no mesmo ano o Pioneer e o Transformative R01 e o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science.

Lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke (Durham, Estados Unidos), no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, na tentativa de integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). O objetivo das pesquisas é desenvolver próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal. Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. O trabalho está na lista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) sobre as tecnologias que vão mudar o mundo.

Veja abaixo o resumo de sua palestra no “Café com Física”.

Abstract: In this talk, I will review a series of recent experiments demonstrating the possibility of using real-time computational models to investigate how ensembles of neurons encode motor information. These experiments have revealed that brain-machine interfaces can be used not only to study fundamental aspects of neural ensemble physiology, but they can also serve as an experimental paradigm aimed at testing the design of modern neuroprosthetic devices. I will also describe evidence indicating that continuous operation of a closed-loop brain machine interface, which utilizes a robotic arm as its main actuator, can induce significant changes in the physiological properties of neurons located in multiple motor and sensory cortical areas. This raises the hypothesis of whether the properties of a robot arm, or any other tool, can be assimilated by neuronal representations as if they were simple extensions of the subject’s own body.

Horário: 14:30

Local: Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas

Fiquem atentos à mudança em relação ao local e ao horário usuais e visitem o endereço http://www.ifsc.usp.br/~cafecomfisica para obter maiores informações sobre a proposta do programa.

Assessoria de Comunicação

21 de novembro de 2011

Novas enzimas que degradam biomassa podem revolucionar biorrefinarias nacionais

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) aprovou neste último mês um importante investimento em uma pesquisa brasileira relacionada à otimização do processo de produção de bioenergia, investigando novos tipos de enzimas capazes de degradar biomassa. O projeto, que envolve pesquisadores de São Carlos, é uma colaboração com a Universidade de York (Reino Unido) e já recebe recursos europeus, mas o investimento brasileiro poderá dar ênfase significativa à posição de destaque do Estado de São Paulo na produção nacional de bioenergia e ampliar o reconhecimento do Brasil no que diz respeito às energias renováveis – uma das urgências mundiais mais imediatas.

bioenergia

Segundo dados da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, em 2009, os biocombustíveis responderam por mais de 30% da oferta total na matriz energética estadual, e a participação de insumos primários renováveis como a cana-de-açúcar, o melaço e o bagaço ampliou em 95% a produção energética estadual. Agora, o estímulo e a articulação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico pode estar frente a frente com um novo auge, enxergando um grande potencial de aprimoramento de performance e custeio das biorrefinarias – as unidades produtivas de combustível, eletricidade e produtos químicos.


Sobre o projeto

Em 2009, a FAPESP estabeleceu por três anos um acordo de cooperação com os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK, na sigla em inglês para Research Councils UK), tendo em vista apoiar o desenvolvimento de projetos de pesquisa cooperativos propostos por pesquisadores britânicos e brasileiros associados, fortalecendo os laços internacionais de pesquisa entre Brasil e Reino Unido.

As propostas elaboradas no âmbito deste acordo são submetidas diretamente aos RCUK, aos cuidados do Conselho de Pesquisa da área em questão, ou seja, os projetos são julgados pelos ingleses. Foi por essa razão que os pesquisadores brasileiros Igor Polikarpov (IFSC-USP), Eduardo Ribeiro de Azevedo (IFSC-USP), Sandro José de Souza (Ludwig Institute for Cancer Research) e Wanius José Garcia da Silva (UFABC) encararam a aprovação de sua proposta na Europa, em abril deste ano, como uma honra e, de certa forma, uma surpresa. “O Reino Unido tem uma taxa muito pequena de aprovação de projetos, aprovando apenas 10% das propostas, enquanto o Brasil aprova quase metade. Ter sido aprovado em segundo lugar foi uma grande satisfação”, comenta Polikarpov, coordenador do projeto de pesquisa.

A proposta brasileira, enviada ao BBSRC (Biotechnology and Biological Sciences Research Council) em outubro do ano passado, pode ser resumido como uma nova abordagem de investigação de enzimas presentes no processo de degradação do bagaço da cana-de-açúcar, pesquisa a qual se complementa uma proposta inglesa, liderada pelo professor Neil Bruce, da Universidade de York, que toma como objeto de pesquisa um produto parecido com o feno.

A idéia central deste projeto de pesquisa é encontrar diferentes enzimas capazes de degradar biomassa para aplicação em processos de produção de combustível e energia elétrica, em substituição às formas convencionais derivadas do petróleo.

E como isto é feito?

Segundo Polikarpov, os cientistas conseguem cultivar em laboratório, atualmente, apenas 1% dos microorganismos presentes no Universo, o que significa dizer que 99% destes microorganismos não podem ser apreendidos, são perdidos e morrem. Por essa razão, o procedimento mais comum é selecionar um conjunto destes microorganismos, sem distingui-los ou caracterizá-los, e sequenciar seu DNA – a chamada atitude “metagenômica”.

No entanto, esta técnica se revela pouco eficiente quando o caso não é estudar todos os genes, mas sim enzimas específicas, e, como é o caso desta pesquisa específica, enzimas que os microorganismos secretam. E, no que diz respeito à produção de energia, nada pode ser mais eficiente do que estas biomoléculas. As enzimas são especializadas na catálise (aceleração da velocidade) de reações biológicas, e esta característica inerente à sua natureza é infinitamente superior a qualquer catalisador já produzido pelo homem. Na atualidade, o fator que mais impede o aproveitamento pleno desta capacidade das enzimas é justamente o procedimento científico comumente aplicado na distinção, caracterização e posterior cultivo da enorme quantidade de microorganismos presente no processo de degradação de qualquer matéria. Segundo Polikarpov, “os microorganismos não conseguem transferir biomassa para dentro das células, mas eles a convertem em açúcar para energizar a célula, então essas proteínas que investigamos são excretadas para fora da célula”. Assim, no genoma das células, há apenas cerca de 5% de enzimas que de fato interessam aos pesquisadores.

Inovação

igor_enzimasA novidade do projeto é que, tendo conhecimento da potencialidade destas enzimas e compreendendo seu funcionamento, os pesquisadores trabalharam no desenvolvimento de uma tecnologia que permite uma marcação mais exata de enzimas extracelulares, que estão fora da célula. O segredo é a exploração de um mecanismo de afinidade proteica que não atravessa membranas biológicas e, por isso, apenas acessa e marca proteínas extracelulares. “Com essa marcação, nós podemos ‘purificar’ parcialmente enzimas, ou seja, enriquecer a concentração das enzimas naquilo que você está extraindo da biomassa, neste caso a lignocelulose (princípio do bioetanol) e a cultura microbiana, e sequenciar pequenos pedaços destas proteínas – o que chamamos de procedimento proteômico”, confirma Polikarpov.

Desta forma, comparando as informações genômicas com as informações proteômicas – uma junção chamada de análise secretômica -, é possível caracterizar cada enzima de acordo com suas funções e encontrar com maior facilidade aquelas que se procura para sequenciar, sem precisar analisar um enorme conjunto de microorganismos, do qual 95% será inútil. Com estes procedimentos, é possível analisar as enzimas secretadas durante o processo de degradação da biomassa, que ocorre na hidrólise deste bagaço – quebra de um molécula através da água -, a reação que ocorre nas chamadas biorrefinarias, considerada um grande potencial para a substituição do petróleo na produção de combustível e energia elétrica, por exemplo.

Biorrefinarias

A grande vantagem do desenvolvimento desta pesquisa é a possibilidade de contribuir com o sucesso dessas biorrefinarias a longo prazo, barateando seu custo. A configuração atual das biorrefinarias requer o uso de ácido e de explosões de vapor para tratar a lignocelulose, o que é pouco eficiente e depende de energia elétrica, além de custar muito caro. Isso ocorria porque o processo de degradação da lignocelulose dependia justamente daquela pequena porcentagem de microorganismos que os cientistas conseguiam caracterizar, o que acabava por encarecer todo o processo. “Cerca de 25% do custo do biocombustível, hoje, é para o cultivo desta pequena quantidade de enzimas”, conta Polikarpov. Daí a grande importância de descobrir e identificar novas enzimas que degradem biomassa – mais termoestáveis, mais abundantes no Universo, mais eficientes – e contribuam para um maior entendimento deste processo, gerando novas atividades de pesquisa e aplicações industriais.

Assim, o financiamento desta pesquisa por agências de fomento nacionais e internacionais surge no momento certo, não apenas para suprir as necessidades da academia, mas para contribuir com a tendência dos desenvolvimentos de fontes alternativas de energia, o que se revela a cada dia uma urgência mundial e ainda apresenta muitos desafios e potencialidades a serem explorados, dependendo, evidentemente, de investimentos em larga escala. O apoio a pesquisas deste porte indica que a bioenergia é uma realidade consolidada no Brasil e, além disso, revela uma meta nacional ambiciosa em relação a grandes potências mundiais no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. As expectativas que circulam na órbita da questão das energias renováveis, como a auto-suficiência em relação a combustíveis fósseis, o desenvolvimento tecnológico, acadêmico e industrial, a geração de empregos em logística, educação, profissionalização e a formação de recursos humanos, por exemplo, têm tornado a aliança entre desenvolvimento sócio-econômico e preservação ambiental uma marca nacional.

Assessoria de Comunicação

21 de novembro de 2011

Inscrições abertas para o Programa de Incentivo à Docência

Estão abertas as inscrições para o Programa de Incentivo à Docência – Pós-Doutorando em Atividades Didáticas (PD-AD), para atuação no primeiro semestre de 2012.

O período de inscrições é de 21 de novembro a 2 de dezembro de 2011 e pode ser realizada na Assistência Técnica Acadêmica do IFSC, das 10h às 12h e das 14h às 16h.

Para se inscrever ao PD-AD, o pesquisador deverá:

1. Ser pós-doutorando ativo do IFSC;

2. Preencher requerimento fornecido pela Assistência Acadêmica, disponível AQUI;

3. Plano de trabalho elaborado em conjunto com o docente responsável pela disciplina (apenas para os selecionados pela Comissão de Seleção);

4. Documento assinado pelo(a) interessado(a), detalhando que as atividades didáticas são voluntárias cujo objetivo único é de aprimoramento didático, isentando a unidade de qualquer responsabilidade trabalhista;

5. Documento explicitando, caso possua, experiência prévia em atividades de ensino;

6. Bolsistas deverão apresentar autorização para agência de fomento/empresa para participar do Programa, independente da participação com ou sem auxílio financeiro;

As inscrições serão julgadas pelas Comissões de Graduação e de Pesquisa do IFSC/USP.

Para ter acesso à lista de disciplinas disponíveis para a atuação, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação

18 de novembro de 2011

Professor Fernando Haas ministra palestra sobre plasmas quânticos

O Colóquio IFSC desta semana, como de praxe, foi realizado normalmente pela manhã no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas, com o público habitual, composto por docentes e alunos de graduação e pós-graduação do IFSC.

O palestrante, o professor Fernando Haas, da Universidade Federal do Paraná, que apresentou “Uma breve introdução aos plasmas quânticos”, tem grande renome nesta linha de pesquisa, tendo já publicado dois livros e, recentemente, um artigo na Brazilian Journal of Physics que, segundo informações do editor do periódico, pesquisador do próprio IFSC, tem tido um número significativo de acessos desde sua divulgação. Na palestra, ele abordou tópicos da Física de Plasma e da Física Quântica, áreas que normalmente são tratadas como assuntos separados mas que, em seus estudos, figuram como complementares. Atualmente, o pesquisador tem projetos colaborativos com a Alemanha, França, Suécia e Espanha, e afirma estar à procura de parceiros brasileiros.

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Segundo Haas, estar no IFSC é uma grande honra. Pela primeira vez em São Carlos, ele afirma que “é um prazer estar aqui e conhecer a cidade, que tem uma atmosfera científica e intelectual tão grande, com dois campus universitários de alto nível”.

Na próxima edição dos colóquios, a ser realizada no dia 25 de novembro, o IFSC receberá o pesquisador Oscar Eboli, do Instituto de Física da USP, para tratar do tema “Uma revolução na Física de Partículas: o que o Large Hadron Collider poderá nos ensinar”.

Assessoria de Comunicação

18 de novembro de 2011

Campus sedia eventos de Iniciação Científica em novembro

logo_siicuspNa próxima semana, nos dias 23, 24 e 25 de novembro, a USP-São Carlos receberá o 19º SIICUSP – Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP – Engenharias e Exatas, juntamente com o XXIII CICTE – Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica em Engenharia. Os encontros são uma realização da própria Universidade de São Paulo, através do Centro de Tecnologia Educacional para Engenharia – CETEPE. A semana tem a característica de reunir estudantes de graduação e seus respectivos orientadores, de várias partes do país e do exterior, para a apresentação de trabalhos técnicos ou científicos.

Tanto o CICTE, congresso pioneiro em Iniciação Científica, como o SIICUSP, já se transformaram, depois de vários anos, em eventos de reconhecimento nacional e também internacional, graças à importante motivação que introduziram para a realização das atividades de iniciação científica e tecnológica.

Veja a programação abaixo, e participe.

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Assessoria de Comunicação

18 de novembro de 2011

A ciência em prol da humanidade

CT

Para grande maioria, Ciência parece algo distante e extremamente difícil de ser compreendida. Enquanto a segunda afirmação, em um país como o nosso- e até mesmo em grande parte dos países do mundo- tem sentido e, infelizmente, acaba sendo uma realidade, a primeira, por outro lado, é errônea.

Do mais leigo ao mais entendido sobre qualquer assunto de natureza científica, nesse quesito a ciência é democrática: de alguma maneira, todos nós somos afetados por uma descoberta, pesquisa ou estudo.

E uma coisa é certa: o crescimento de um país e o conforto da sociedade depende, muitas vezes em primeiro lugar, do grau de desenvolvimento científico e tecnológico do mesmo. Ao observar nações de primeiro mundo, é possível notar que seus governos investem, expressivamente, em pesquisas. Em conjunto, empresas sediadas nesses países financiam estudos e contratam pesquisadores em seu quadro de prestação de serviços.

E no Brasil? Como funcionam os investimentos em Ciência e Tecnologia (C&T)?

Por aqui, os investimentos em C&T são bons. Atualmente, são em torno de R$30 bilhões em C&T, mais ou menos 1,9% do PIB brasileiro. Para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), 1,1% do PIB é direcionado. Mesmo assim, ainda estamos um pouco distantes do ideal.

Ao mesmo tempo, com a crise financeira que se abateu sobre Estados Unidos e Europa, e que atinge o Brasil, mesmo que muito pouco, os investimentos em C&T podem recuar, em curto prazo. “Com incertezas e flutuações no mercado, temos um setor vulnerável para lidar com essa situação”, afirma José Fabian Schneider, docente e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Um novo paradigma científico/tecnológico

O futuro de C&T, no país, pode estar na formação de grandes redes de pesquisa, que já fazem parte do cenário brasileiro. Exemplos disso são os Centros de Pesquisa de Inovação e Difusão (CEPID) e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). “Esses centros obrigam os pesquisadores a formar grandes redes. Pesquisadores trabalhando sozinhos não é algo que funciona muito bem. Já os centros de pesquisa incitam colaborações entre diversas instituições e linhas de pesquisa interdisciplinares que, no final do caminho, serão direcionadas a pesquisas aplicadas”.

Nos casos de CEPID e INCT, além do citado acima, estes incentivam pesquisas básicas, difusão e aplicação, em termos de patentes e tecnologia, embora ainda não estejam definidas as áreas para as quais tais pesquisas serão direcionadas. “Olhando pela perspectiva do estado de São Paulo, que é privilegiado, não podemos reclamar sobre o volume de recursos. O que é preciso ser discutido é como agências de fomento irão investir em programas de pesquisa”, diz Schneider.

No que diz respeito à pesquisa aplicada, o Brasil fica atrás de muitos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo é o protagonista em financiar pesquisas básicas. Por outro lado, quando se trata da parte aplicada, a indústria entra no cenário e investe pesado e, na realização de tais pesquisas, elas disparam na frente de governo, Universidades e outras instituições sem fins lucrativos. “Nossa pesquisa básica compete frente a frente com países desenvolvidos. Mas, entre básico e aplicado, aqui existe um grande abismo. Parte disso é culpa nossa [acadêmicos] e também do sistema produtivo, que investe pouco ou quase nada”, afirma o pesquisador.

Schneider, que trabalhou em alguns projetos na Alemanha, conta que a maioria dos estudantes, ao terminar o doutorado, por exemplo, já passa a trabalhar na indústria. “Trabalhei em departamentos de química e vi que o contato com a indústria é enorme. Lá existem muitas parcerias entre universidades e empresas. Para as empresas, não deixa de ser um investimento de risco, pois o resultado final pode ser um produto científico relevante, mas a ideia pode não servir. Por outro lado, se o produto dá certo, o retorno é muito grande”, diz.

Enxergar além: uma questão de saúde pública

SchneiderNo próprio IFSC, muitos exemplos servem para dar corpo ao que já foi escrito. Diversas pesquisas aplicadas, principalmente relacionadas ao tratamento e diagnóstico de doenças, criação de novos materiais- como nanomateriais e células fotovoltaicas-, bioenergia, softwares etc. são desenvolvidas no Instituto. “Tudo isso começa na pesquisa básica, mas é preciso de um parceiro ‘do outro lado’ para nos dizer do que o mercado precisa. Esse parceiro não saberá como gerar as demandas da sociedade e é aí que os pesquisadores entram”, conta Schneider.

O docente ainda deixa claro que muitos investimentos dão resultado em médio e longo prazo. Novos materiais podem demorar até dez anos para poderem ser utilizados. Mas, a continuidade da pesquisa e, sobretudo, o investimento na mesma, deve ser constante.

Isso traz ganhos que vão além da saúde física da população. Os benefícios financeiros, através da inovação, são significativos e, a partir do momento que se opta por transformar uma pesquisa em produto, o país pode gerar mais empregos e mais dinheiro, obviamente. “Se o pesquisador ajuda no desenvolvimento de algum produto, faz a patente e consegue comercializá-lo no mercado externo, entra dinheiro em nossa balança comercial”, explica Schneider.

Exemplo disso foi um produto desenvolvido na empresa Opto. Jarbas Caiado de Castro Neto, atual presidente da empresa e um de seus fundadores, conta que “o ‘refletor odontológico’, que foi desenvolvido em 1990, teve grande sucesso no exterior, pois vendíamos por menos da metade do preço cobrado internacionalmente. Chegamos a ter mais de 50% do mercado mundial com ele”, conta.

Um novo olhar vindo da academia

No caso da Universidade de São Paulo (USP), a Agência USP de Inovação é um bom exemplo e tem servido como ótimo instrumento para auxiliar pesquisadores. “O papel da Agência é fundamental para nós! Sabemos como escrever um artigo científico, mas não conhecemos os passos e trâmites para se solicitar uma patente, questões legais envolvidas etc., e a Agência cuida disso tudo”, conta Schneider que, há dois anos, patenteou um material fotocrômico, produzido por seu grupo de pesquisa, que detecta radiações ultravioletas e faz dosimetria através dessas radiações.

Outra questão relevante, que deve ser pensada, com urgência, principalmente no caso brasileiro, é como atrair mais pesquisadores e dar continuidade às pesquisas de qualidade, quando a educação básica é tão defasada. Na opinião de Schneider, no que cabe à Universidade, é essencial que se divulgue o que vem sendo realizado, de uma maneira simples e inteligível. “Se as pessoas não se dão conta da importância disso tudo, elas não defenderão esses investimentos. É preciso que a ciência esteja presente nas comunidades, seja nas escolas, em eventos, em shoppings, aonde for! Essa é uma das maneiras de se atrair jovens talentos”.

Ainda de acordo com o docente, os CEPID terão papel importante nesse quesito, pois ficarão atentos com a divulgação de tudo o que for feito e concluído por pesquisadores. “Mostrar aos jovens como funciona a ciência e que é possível realizá-la e entendê-la: esse é o maior incentivo ao futuro pesquisador”.

Novamente, no IFSC, várias ações dessa natureza são realizadas: “Universitário por Um Dia”, Escolas Avançadas e visitas ao CDCC são algumas das iniciativas que tentam aproximar estudantes do ensino médio da vida acadêmica.

Portanto, o que se pode notar é que, para que haja um desenvolvimento genuíno na sociedade, puxado pela ciência, tecnologia e inovação, é preciso uma colaboração coletiva. Governo, empresas e Universidades, com certeza, são os protagonistas nesse cenário e os responsáveis para que a história do desenvolvimento brasileiro tenha um autêntico final feliz.

Fontes: http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/09/para-o-governo-empresas-investem-pouco-em-inovacao.html

http://www.ifi.unicamp.br/~brito/artigos/fsp/c&t01a.html

Assessoria de Comunicação

17 de novembro de 2011

Simpósio em Ciências e Engenharia de Materiais realiza palestras no IFSC

Ocorreu na manhã deste dia 17 de novembro, no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas do IFSC, a abertura oficial do Simpósio em Ciência e Engenharia de Materiais (SICEM), do Programa Interunidades da USP São Carlos. Esta é a 14ª edição do evento, que ocorre anualmente desde 1998, como uma organização dos próprios alunos do programa com o apoio da Comissão de Pós-Graduação. O objetivo, segundo os organizadores, é estreitar as relações entre os professores e alunos das três unidades participantes do programa (IFSC, EESC e IQSC).

O SICEM é uma ótima oportunidade para os alunos do programa, que podem apresentar seus trabalhos e discuti-los com especialistas em diversas áreas, ampliando sua visão e buscando novas idéias que viabilizem seus projetos e aprimorem seus resultados.

Na abertura, tomou a palavra a Prof. Dra. Lauralice Canale, presidente da Comissão de Pós-Graduação Interunidades em Ciência e Engenharia de Materiais, e também Victor Luiz Barioto, da secretaria de Pós-Graduação do mesmo programa, ambos enfatizando a importância do crescimento de um programa com estas características e apontando vias possíveis de contribuição. Na sequência, teve início a primeira palestra do evento, ministrada pelo pesquisador Celso Valentim Santilli, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, com o tema: “Como o conhecimento da estrutura pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais funcionais?”.

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O evento será realizado entre os dias 17 e 18 de novembro, com apresentação de pôsteres no salão social do CAASO e palestras ministradas no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas. Para ter acesso à programação na íntegra, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

17 de novembro de 2011

Informática em favor da minoria

LabMacambiraO advento do Linux, núcleo de sistema operacional, criado em 1996, pelo finlandês Linus Torvalds, é um marco bem conhecido no desenvolvimento de programas de computador chamados de software livre. Este compreende, classicamente, quatro liberdades: a de executar o programa por qualquer motivo, a de acessar o código-fonte para estudá-lo e modificá-lo e redistribuir copias do programa e suas modificações.

Desde o Linux, um número maior de desenvolvedores de software, incluindo profissionais, estudantes e, principalmente, amadores, passou a desenvolver programas livres para atender aos mais diversos objetivos. O “Lab Macambira”, composto por artistas e programadores, com experiência acumulada pelo desenvolvimento da cultura digital no país, guiou-se pela criação de programas que atendessem a interesses da população, buscando, portanto, suprir demandas sociais, no que se refere, principalmente, ao acesso à tecnologia e informações essenciais a essas comunidades.

A base de tudo foram projetos de software livre e aberto, como o próprio Linux, o projeto BSD e a Free Software Foundation (FSF), pontos de partida aos desenvolvedores para criar tais programas.

Utilizando-se do Linux como alicerce para criação dos programas- já que sem um sistema operacional, não poderíamos acessar a internet, ou mesmo escrever um texto-, desenvolvedores de software livre e articuladores, através do contato com diversas comunidades, passaram a perceber as necessidades destas últimas e criar programas de computador que pudessem auxiliá-las na resolução de alguns problemas, principalmente de cunho social.

Mas, de que maneira?

As demandas partem não somente de população de baixa renda. Populações indígenas e quilombolas compõem algumas das comunidades com as quais os desenvolvedores têm contato e buscam produzir tais softwares. O Lab Macambira possui um levantamento geral de demandas, através do contato com essas comunidades, e a partir delas [demandas] são desenvolvidos os softwares como, por exemplo, um programa de georeferenciamento, para demarcar áreas geográficas onde as comunidades quilombolas e indígenas habitam. “Muitas pessoas da comunidade morreram nos últimos anos, simplesmente porque muitos fazendeiros as expulsaram de suas terras e não há provas para mostrar que essas comunidades locais as habitavam”, conta Renato Fabbri, aluno de doutorado do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e um dos idealizadores do Lab Macambira.

Outro exemplo de aplicação desenvolvida pelo Lab veio tratar das conferências sobre os direitos da criança e do adolescente, um assunto de imensa proporção. “Se ocorresse um levantamento transparente e verdadeiro, feito pelos órgãos públicos, os dados seriam assustadores, logo isso tende a ser mascarado, inclusive por instituições privadas. De que maneira? Transformando a conferência em algo artificialmente lúdico, por exemplo. No final, apenas poucas pessoas fazem a deliberação, montando um documento e postando em algum local na Web. Dificilmente o documento será encontrado por alguém”, elucida Renato.

A saída para esse problema foi criar a “Conferência Permanente”, plataforma digital em código aberto para conferências sobre os Direitos das Crianças e dos Adolescentes do Estado de São Paulo, onde as pessoas, que fazem parte das conferências, se cadastram e, através de espaços disponibilizados para fóruns, postagem de fotos e demais dados, atualizam os usuários sobre o andamento das deliberações, bem como sobre as últimas novidades das resoluções propostas.

“Ágora Communs” é um outro exemplo, programa que viabiliza deliberações on line- escutas e levantamentos de demandas da sociedade. “Como o código para criação dessa plataforma está todo on-line, o Lab encoraja sua distribuição. Inclusive, o ‘Ágora’ deu origem ao ‘Delibera’, que atualmente está em uso pela ONU* em mais de 90 países”, conta Renato.

Seguindo a trilha de pão contemporânea

A exploração do audiovisual – junção de som, imagem e vídeo – pelos desenvolvedores também ganha destaque nos software criados. “A população precisa ser capaz de gerar conteúdo, e, como acreditamos na tecnologia aberta, trabalhamos na geração de ferramentas livres para criação audiovisual”, explica o doutorando. Segundo ele, essa é uma forma pela qual a população pode ser capaz de se apropriar de tecnologia verdadeiramente.

LabMacambira-1Os códigos abertos para expansão e melhoramento desses softwares, e a criação de outros, são publicados sob uma licença. Assim, assegura-se que os novos códigos criados e utilizados sejam também livres. É a tecnologia sob domínio público, mas sempre tendo-se em mente manter as quatro liberdades. Dessa forma, todos têm acesso ao que foi criado, podendo, assim, fazer melhoras contínuas.

O “Lab Macambira”, atualmente, conta com 15 membros em dedicação diária, 12 sendo desenvolvedores, além de diversos colaboradores, onde se incluem cientistas sociais, designers, artistas e jornalistas.

O trabalho do “Lab Macambira” é feito de forma autônoma, com auxilio de diversas fontes por prestação de serviço e colaboração. Diversos pontões de cultura digital investiram nesta frente de desenvolvimento de software livre, e, mais recentemente, o pontão de cultura digital “Nós Digitais”** apóia o grupo para ampliá-lo e mobilizá-lo. “Desde que foram criados por Gilberto Gil, enquanto ministro da cultura, os pontões souberam utilizar suas verbas de maneira inteligente, e muitas pessoas têm sido beneficiadas”, afirma Renato, que finaliza dizendo que “é muito mais legal viver ajudando outras pessoas”.

Para aqueles com interesse em um contato mais próximo com o projeto e seus integrantes, na próxima semana, o Espaço Macambira será parte integrante do Festival Contato, que acontece a partir do dia 14 de novembro, em São Carlos ou no início de dezembro, onde o Lab marcará presença no Festival  Internacional de Cultura Digital, que será sediado no Rio de Janeiro.

Para conhecer melhor o “Lab Macambira”, os programas desenvolvidos, seus membros e outras informações, clique aqui.

*Organização das Nações Unidas

**entidades da sociedade civil que estabelecem convênios com o Ministério da Cultura

Assessoria de Comunicação

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